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A crise que culminou com a confirmação da exoneração do ministro da Secretaria-Geral da Presidência Gustavo Bebianno, ocorrida no fim da tarde da última segunda-feira (18), representa para o governo não apenas a possibilidade de afastar um desafeto declarado do filho do presidente, Carlos Bolsonaro.
A decisão faz parte da estratégia para tentar encobrir outros escândalos que afetam o entorno do ex-capitão do Exército, em especial sua família, na avaliação do coordenador político da bancada do PSOL na Câmara dos Deputados Luiz Araújo.
“A demissão do Bebianno é uma operação para tentar parar uma sangria. O jogo de cena de que mandou investigar é uma tentativa de tentar trincar a imagem de honestidade do governo, mas também é funcional para que ninguém mais fale do Queiroz, nem do Flávio Bolsonaro. O Sérgio Moro disse que perguntou ao presidente antes de assumir o Ministério se tinha carta branca para investigar qualquer pessoa. Ele teria dito que sim, só que coloca uma vírgula, com exceção dos meus filhos e dos milicianos que os cercam. Pode até investigar ou fazer de conta que investiga os ministros, mas não minha família”, ironizou.
O problema se iniciou a partir da descoberta de supostas candidaturas laranjas no PSL, partido do presidente e que foi liderado pelo ex-ministro durante a campanha eleitoral, quando houve a doação de R$ 400 mil a uma postulante ao cargo de deputada federal em Pernambuco faltando quatro dias para as eleições. A suspeita é de que esse valor tenha sido entregue a dirigentes partidários.
Há uma denúncia semelhante feita ao ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio em Minas Gerais. Apesar disso, ele segue na titularidade da pasta. Recentemente, Bebbiano demonstrava decepção a interlocutores por ter apoiado o presidente e ameaçou revelar segredos que poderiam comprometer Bolsonaro.
“O Bebianno considera-se injustiçado porque o ministro do Turismo não foi demitido. Na verdade o Bebianno não é inocente e o que ele fez esses dias foi uma série de tentativas de chantagem para se manter no cargo. A pergunta é: se isso é tão grave, por que ninguém toma providências para ouvir o que Bebianno tem a dizer sobre as indiretas que mandou?”, questionou Luiz Araújo.
O cenário de crise política no núcleo do Palácio do Planalto dificulta a aprovação de matérias do interesse do governo no Congresso como as reformas propostas por Paulo Guedes e Sérgio Moro. O coordenador político do PSOL lembra que o ‘toma lá, dá cá’ combatido por Bolsonaro na campanha tomará o rumo das negociações na Câmara e no Senado
“Essa é mais uma briga palaciana, mas é lógico que é uma marola que interfere, aumenta o custo da reforma da Previdência, na compra desavergonhada de votos a partir de cargos. O governo segurou as nomeações para poder usar agora quando precisa. Quanto mais você tem crise, mais o valor dos votos aumenta porque se vende dificuldades para comprar facilidades, e é isso que os deputados vão fazer. Isso trinca a imagem do governo, já começaram as concessões aos partidos para se ter maioria. Cada crise é utilizada no mercado aqui na bolsa de valores do Congresso para aumentar o custo dos votos”, finalizou Luiz Araújo.
Ouça a entrevista de Luiz Araújo na íntegra:
Entrevista em 19.02.2019