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“Brumadinho é caso de homicídio doloso”, avalia Katia Visentainer

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As repercussões da tragédia na barragem da mina de Córrego de Feijão, em Brumadinho, com a divulgação de documentos e troca de e-mails, apontam para o envolvimento direto de profissionais da mineradora Vale, que sabiam do risco iminente de rompimento da estrutura.

 

A jornalista Katia Visentainer, membro do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração, enxerga neste caso a ocorrência de um crime intencional da empresa ao deixar de impedir que trabalhadores e moradores frequentassem os arredores da barragem.

 

“Quando saiu o primeiro vídeo da tragédia, um amigo nosso foi fotografando frame a frame e quatro minutos antes do rompimento, você conta manualmente 43 pessoas em cima da barragem. Se você sabia que aquela barragem iria romper, como coloca todas aquelas pessoas ali? Para mim é claramente um caso de homicídio doloso”, ressaltou.

 

O incidente na cidade de Minas Gerais, que já provocou a morte de 169 pessoas e deixa ainda 141 desaparecidos, somado a outras tragédias, como em Mariana, evidencia o tratamento que as mineradoras dão ao contingente humano que ocupa as áreas de exploração.

 

“Isso na verdade acontece na maior parte das cidades. Quando a Vale ou qualquer outra mineradora vê uma comunidade, elas tratam como um obstáculo para que eu possa fazer o trabalho. É nesse sentido que entendemos que não há como a prosseguir com a mineração no Brasil se não pararmos para discutir o modelo mineral, os benefícios que as mineradoras têm. A quantidade de subsídios que existem para o setor é absurda”, lembrou Katia.

 

A Agência Nacional de Mineração (ANM) divulgou uma resolução no Diário Oficial da União na última segunda-feira (18) proibindo a utilização do método de construção ou alteamento de barragens a montante em todo o território brasileiro, semelhante ao usado em Brumadinho e Mariana.

 

As mineradoras precisam eliminar as construções que já estão desativadas até agosto de 2021. No caso das que ainda estão em funcionamento, o prazo se estende por mais dois anos. A resolução determina ainda que as empresas responsáveis por barragens ficam proibidas de manter e construir qualquer instalação na área de autossalvamento. Apesar de admitir avanços na medida, a jornalista observa que a questão humanitária não foi contemplada integralmente.

 

“O que essa resolução não trata é que há comunidades que tradicionalmente moram nessas áreas. A agência recomenda que não haja ninguém embaixo das barragens, mas qual política será implantada? Quem se responsabiliza pelo reassentamento dessas pessoas? As pessoas têm suas casas, tudo o que elas têm estão ali, não podem simplesmente abandonar. Nesse sentido a resolução não é muito clara”, pontuou.

 

Ouça a entrevista de Katia Visentainer na íntegra:

 

 

Entrevista em 19.02.2019

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