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Zaccone: “Decreto das armas serve para beneficiar indústria americana”

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A polêmica provocada pela edição do decreto que amplia o porte de armas para uma série de categorias profissionais e trabalhadores rurais ocultou da maioria da sociedade alguns interesses do governo de Jair Bolsonaro com a medida.

 

O principal deles talvez seja o desejo do Palácio do Planalto em favorecer a indústria bélica dos Estados Unidos, visto que o mercado brasileiro não deve atender à procura de armas e munições que será gerada, conforme ressaltou o delegado de Polícia Civil Orlando Zaccone.

 

“Há uma grande nuvem que esconde as reais intenções desse decreto que temos de observar em uma análise política. Primeiro é a indústria estrangeira das armas, principalmente a estadunidense, porque o decreto regulamenta a importação. Com a ampliação inclusive do acesso a armas que antes eram de uso restrito, determinados calibres, não haverá mais indústria nacional capaz de suprir essa demanda e evidentemente é um caminho natural a regulamentação da importação”, avaliou.

 

Além disso, o policial questionou a constitucionalidade da medida e lembrou a vocação da administração federal, que vem promovendo ações de entrega do comércio de bens e serviços brasileiro ao capital internacional.

 

“Está dentro daquele pacote maior onde estamos entregando os mercados no Brasil à indústria estrangeira e esse mercado de armas é muito importante na economia mundial. O aspecto econômico do decreto não pode ser esquecido porque está dentro de uma conjuntura entreguista”, prosseguiu.

 

Outro temor de Zaccone é que haja um aumento no número de mortes violentas no Brasil com o decreto. Em 2018, dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP) mostram que houve aproximadamente 51 mil assassinatos no país.

 

“A circulação dessa quantidade de armas com certeza vai elevar e muito os índices de homicídios que já são absurdos, aquela história de que não tem nada tão ruim que não possa piorar. Se a grande maioria dos homicídios no Brasil, parece que mais de 70%, são praticados com armas de fogo, você colocar mais armas em circulação contribui para o aumento desses índices”, observou.

 

A expectativa do delegado de Polícia Civil é de que o governo volte atrás na medida, ainda que por intervenção da Justiça. Uma decisão contrária à manutenção da ampliação do porte de armas pode incomodar um dos grupos que apoiaram a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República.

 

“Outra coisa que essa fumaça da notícia do decreto está encobrindo é o interesse de defesa da propriedade rural, porque desde o início, quando Bolsonaro estava em campanha, falava da ampliação do porte e da posse de armas de fogo, isso já era do interesse dos ruralistas. Por conta disso tudo existe hoje uma tendência a se dar uma travada nesse decreto. Espero que o Supremo Tribunal Federal cumpra sua missão no sentido de colocar limites nessa pretensão”, assinalou.

 

14 MESES SEM MARIELLE E ANDERSON

Nesta terça-feira (14) completam-se 14 meses das execuções da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, episódio que provocou comoção em todo o país. No entanto, a cobertura da grande imprensa ao caso vem diminuindo a cada dia.

 

Zaccone argumentou que a prisão dos autores do crime, os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, de alguma forma minimizou a repercussão dos assassinatos nos veículos de comunicação. Contudo, ainda resta descobrir os autores das mortes.

 

“Sabemos que os meios de comunicação têm uma grande importância em pautar as prioridades, principalmente na área de segurança. A partir do momento em que, com a prisão dos executores, a investigação do caso Marielle sai da mídia, isso tende a esfriar o debate. Lógico que existe o inquérito instaurado para dar essa resposta, só que não existe mais aquela urgência da polícia em trabalhar na mesma velocidade que trabalhou na identificação dos autores. Isso é muito ruim porque acabamos tendo um crime que foi não elucidado”, alertou o delegado.

 

Ouça a entrevista de Orlando Zaccone:

 

 

Entrevista em 14.05.2019

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