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“Bolsonaro cumpre função histórica de ser terra arrasada”, avalia Jones

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A eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência da República, em 2018, além de provocar preocupação a parte da sociedade brasileira, levantou uma série de questionamentos a respeito de sua função na trajetória política do país por conta de suas propostas difusas e o apoio de setores em uma coalizão só observada durante o período da ditadura, ponteada pelo grande capital e abarcando o neopentecostalismo e as Forças Armadas.

 

A adoção de pautas liberais na economia e conservadoras nos costumes mostrou-se evidente em seu primeiro ano de mandato e expôs, para muitos, a ameaça do fascismo no Brasil. No entanto, há leituras diferentes sobre a gestão Bolsonaro que passaram a tomar conta do debate.

 

Um dos que discordam da possibilidade do estabelecimento de um regime de exceção é o historiador, professor e youtuber Jones Manoel. Ele acredita que o clã a ocupar o Palácio do Planalto serve para atender os interesses daqueles que clamam por uma renovação do quadro político nacional.

 

“O bolsonarismo tem um papel histórico de ser uma espécie de limpador de terreno para a reformulação do sistema político. Com a crise da nova República com o golpe de 2016 que destituiu a presidenta Dilma e todos os processos correlatos, Lava Jato, crise econômica e por aí vai, o pacto de classes do sistema político está ruindo e a classe dominante, a burguesia brasileira, o imperialismo e seus aparelhos políticos vêm tentando formular um novo sistema. Dentro desse processo, a função de Bolsonaro seria um governo de terra arrasada, de destruição total dos direitos trabalhistas, sociais e econômicos da classe trabalhadora e fragilização ao extremo da soberania nacional, de entrega das riquezas nacionais aos monopólios estrangeiros, da privatização em massa e regressão civilizatória e cultural dentro de um padrão mais reacionário. Sobre isso, o governo Bolsonaro foi um grande sucesso em 2019”, citou.

 

“Não compactuo com as análises que fazem do governo Bolsonaro como um governo atrapalhado, que não tem projeto, não tem programa, como Fernando Haddad já falou. Ele tem um projeto e tem um programa de sucesso total. A gente não conseguiu barrar nenhuma das medidas fundamentais propostas por Bolsonaro ou pelo Congresso Nacional. Não estou falando de pequenas questões aqui e ali no âmbito da cultura ou de alguma pequena instituição de baixo orçamento que o governo recuou. Falo no que é fundamental em termo de orçamento público, projeto para Previdência, política externa, política em relação ao meio ambiente, Quilombolas, terras para monopólios estrangeiros”, continuou Jones.

 

A permanência do ex-capitão do Exército para mais um mandato é vista como remota pelo historiador, já que a incapacidade de Bolsonaro governar combinada ao despreparo da equipe que o cerca alça novos postulantes ao cargo máximo da República, patrocinados pelos detentores do capital.

 

“Depois de cumprir sua função histórica de ser um processo de terra arrasada, não tenho dúvida que a burguesia vai descartar a família Bolsonaro e já vem preparando previamente as alternativas social-liberais, porque depois do processo de terra arrasada vem uma solução que vai prometer algum nível de alívio, mas vai manter no fundamental tudo que foi aprovado em um novo padrão de dominação política e acumulação do capital. Aí vem Luciano Huck e várias outras alternativas que estão sendo construídas por setores da burguesia brasileira”, afirmou.

 

Para 2020, as perspectivas, de acordo com Jones, são as piores. A baixa popularidade do presidente da República não deve ser um empecilho para a manutenção da administração destrutiva do Estado, visto que a oposição não se articula para combater o político sem partido.

 

“No ano dois do governo Bolsonaro, a ofensiva permanente vai continuar contra a classe trabalhadora, a soberania nacional, os poucos direitos democráticos que ainda resta porque a natureza do bolsonarismo é ser uma ofensiva permanente, não existe recuo. Ele conseguiu estabelecer uma margem de apoio popular que não vai ceder tão fácil. As pesquisas vêm demonstrando que o governo tem, no mínimo, 25% a 30% de apoio, e o processo de desidratação que vem tendo, como não está se traduzindo em protesto popular nas ruas, juntando com a configuração do Congresso que é francamente favorável a esses programas de contrarreformas e ajustes, as iniciativas de ataque vão continuar”, concluiu o docente.

 

Ouça a entrevista de Jones Manoel na íntegra:

 

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