Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:

“Brasil é incapaz de ser mediador na AL por agressividade”, avalia Celso

Compartilhe:
celso_amorim_1170x530

O processo de convulsão política que se dá em países da América Latina se acirra e o horizonte para a resolução das crises no continente parece cada dia mais distante. Bolívia, Chile e Venezuela enfrentam dilemas semelhantes, tendo o neoliberalismo como protagonista em todos os casos.

 

Historicamente considerado ator de conciliação na região, o Brasil tem se colocado distante do debate diplomático após o início do governo de Jair Bolsonaro, apoiando automaticamente as iniciativas de grupos que se alinhem com o ideário do atual presidente da República.

 

Com quase 50 anos de experiência como diplomata, o ex-ministro nas gestões de Itamar Franco, Lula e Dilma Rousseff Celso Amorim lamentou o fato de o país se colocar alheio aos problemas que ocorrem nas nações vizinhas e citou o caráter violento do discurso do mandatário e de seus aliados.

 

“O Brasil é incapaz de ter um papel mediador na região por conta das atitudes agressivas. Não teve na Venezuela, não teve no Chile, não vai ter em lugar nenhum. O Brasil fica isolado. Tem 200 milhões de habitantes, está entre os 10 maiores PIB’s do mundo e é ignorado por quase todos. Você tem um vizinho que é um gigante e de quem não gosta, evita convidá-lo para a festa porque não dá pra conversar”, disse.

 

O posicionamento brasileiro se dá por conta de uma subserviência aos interesses estadunidenses, na opinião do ex-chanceler. O mandato de Donald Trump exerce uma influência no país jamais vista anteriormente.

 

“O Brasil apoia os americanos, a política do Trump em tudo, da Palestina a um retrocesso na Organização Mundial do Comércio, com o abandono do multilateralismo. Até a Índia, não há nenhuma razão para estar brigando, o governo lá não é progressista como foram outros, mas ainda defende o que é o interesse de um país em desenvolvimento, e o Brasil quer abrir mão de qualquer tratamento diferenciado para países em desenvolvimento para agradar o Trump. Foi algo que o presidente Bolsonaro prometeu quando esteve lá. O Trump não está cumprindo as promessas que fez ao Bolsonaro na ocasião, mas o Bolsonaro está cumprindo todas”, lembrou Amorim.

 

O voto do Brasil na Organização das Nações Unidas em apoio às sanções econômicas que os Estados Unidos impõe a Cuba foi alvo de muitas críticas do ex-ministro, lembrando que apenas Israel tomou posição semelhante. Ele defendeu uma postura mais sensata do governo brasileiro e apontou o general Mourão como uma voz de moderação.

 

“Já vi o vice-presidente tem posições que não vão para um lado, não parece ficar muito feliz em relação a algumas posições [de Bolsonaro]. É bem-vindo um pragmatismo que possa contrabalançar essa visão totalmente ideológica de extrema-direita que existe no caso da política externa e de total submissão a Washington”, comentou.

 

Ouça a entrevista de Celso Amorim:

 

Deixe seu comentário:

Apoie o Faixa Livre:

Apoie o Faixa Livre:

Baixe nosso App

Baixe nosso App

Programas anteriores