Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:

“Brasil pode ser atingido por acordo entre EUA e China”, avisa Mineiro

Compartilhe:
adhemar_mineiro_1170x530

A assinatura de um acordo comercial entre os Estados Unidos e a China, na última quarta-feira (15), dando uma trégua na guerra tarifária entre as duas principais economias do mundo, deve romper fronteiras e provocar efeitos nefastos para o Brasil.

 

Com o tratado estabelecido entre o presidente Donald Trump e o vice-premiê chinês Liu He, os asiáticos se comprometem a comprar mais de US$ 200 bilhões em gás, petróleo, carvão, produtos agrícolas e outros bens e serviços estadunidenses. O problema é que a China é o principal mercado brasileiro e deve reduzir drasticamente sua demanda, especialmente por carnes, soja e outros grãos.

 

Especialistas indicam que as perdas para as exportações nacionais devem ficar na casa dos US$ 10 bilhões. O economista Adhemar Mineiro ressaltou este aspecto da economia do país, lembrando que o nível de crescimento mais baixo dos asiáticos nos últimos anos já ocasionava queda nos números.

 

“Uma parte dos produtos agrícolas que os Estados Unidos vão mandar para a China compete com os produtos brasileiros, que hoje são totalmente dependentes da China. A China responde por cerca de um quarto de todo o fluxo de comércio do Brasil. Boa parte do saldo da balança comercial brasileira, mais de 60%, é advindo do saldo com a China. Essa balança comercial, que já não estava em uma situação confortável, o saldo vem caindo, agora corre o risco de ter uma redução ainda maior”, disse.

 

“Só o restante diz respeito a bens manufaturados, máquinas que os Estados Unidos exportam para a China, e os serviços, especialmente serviços financeiros. Uma parte importante, a metade, são serviços primários e uma parte desses serviços são bens agrícolas, é aí que o Brasil pode ser atingido”, continuou o analista.

 

A assinatura na Casa Branca, sede do governo dos EUA, corresponde à primeira fase do acordo, que deve continuar pelos próximos anos, reduzindo o déficit comercial bilateral do país norte-americano, que atingiu o pico de US$ 420 bilhões em 2018.

 

O economista vê na assinatura do tratado uma tentativa de o governo estadunidense frear a ascensão dos asiáticos no mercado internacional, algo que vinha acontecendo naturalmente nos últimos anos por conta de uma atenção maior às formas de crescimento sustentáveis.

 

“A China já vem desacelerando até em função de suas preocupações ambientais e no mundo que também desacelera, isso tem de ser levado em consideração. Teríamos de ver a conjuntura em que esse acordo é estabelecido. A China é quem vinha ‘jogando fácil’ no cenário internacional, ou seja, a mudança no status quo não interessava. A China caminhava para um ‘7 a 1’ se nada fosse feito, inclusive em relação aos Estados Unidos”, comentou.

 

“Os Estados Unidos tentaram interromper esse processo primeiro de forma negociada e gerenciada no âmbito do G20, não funcionou, Já vinha fragilizando a Organização Mundial do Comércio antes do governo Trump, cada vez mais colocando empecilhos ao funcionamento da OMC, e com o Trump isso se radicalizou. Impôs tarifas pesadas à China tentando alterar esse status quo, só que os Estados Unidos se confronta com o processo eleitoral esse ano, o que aponta, do ponto de vista da conjuntura, para a necessidade de se ter um acordo”, finalizou Mineiro.

 

Ouça a entrevista de Adhemar Mineiro:

 

Deixe seu comentário:

Apoie o Faixa Livre:

Apoie o Faixa Livre:

Baixe nosso App

Baixe nosso App

Programas anteriores