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Celso Amorim: “Intervenção hoje na Venezuela pode ser aqui amanhã”

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O apoio do Brasil à ameaça de interferência dos Estados Unidos e de alguns países da Europa na crise política que atravessa a Venezuela esconde um quadro atualmente improvável, mas que pode ser viabilizado em determinado momento da história: uma intervenção estrangeira em nossas terras.

 

O alerta foi feito por Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores nos governos Lula e da Defesa na gestão de Dilma Rousseff. Ele lembrou que situações semelhantes ocorreram anteriormente em escala menor no país e que nossas riquezas naturais podem ser o estopim para uma ação externa.

 

“Temos de entender que se favorecermos a intervenção na Venezuela hoje, amanhã ela pode ser aqui, como foi de formas indiretas no passado, mas pode ser direta no caso de uma situação internacional mais grave, tensões políticas em relação ao nosso petróleo, nossa capacidade na área nuclear. É uma coisa que temos de ver com muita cautela, infelizmente não creio que o atual governo possa caminhar nessa direção”, destacou.

 

O último episódio da crise no país vizinho diz respeito à expulsão no último domingo (17) de uma delegação de deputados do Parlamento Europeu que se reuniu com o autoproclamado presidente interino Juan Guaidó, líder da Assembleia Nacional.

 

O ministro das Relações Exteriores Jorge Arreaza afirmou pelas redes sociais que as autoridades do país haviam comunicado os deputados estrangeiros que eles não poderiam entrar na Venezuela.

 

O diplomata sul-americano alega que a visita teria ‘fins conspiratórios’ contra o governo de Nicolás Maduro, já que boa parte das nações européias reconhecem a legitimidade de Guaidó no comando.

 

A única interferência externa possível na Venezuela é aquela que promova o entendimento entre governo e oposição, evitando assim um iminente conflito armado e o consequente derramamento de sangue na opinião de Celso Amorim.

 

“Uma intervenção americana pode dar margem a uma guerra civil. Forçar a entrada da chamada ajuda humanitária pode ser um elemento que acabe levando à guerra, por isso concordo com outros apelos que foram feitos, como o do presidente Mujica, de que tem de haver o diálogo. A coisa mais tola que ouvi é dizer que o tempo do diálogo acabou. O tempo do diálogo nunca acaba porque as situações só se resolvem sob o diálogo. A questão é saber se vai se resolver pelo diálogo antes ou depois da guerra civil”, pontuou o ex-ministro.

 

O chanceler da Espanha Josep Borrell descartou no fim de semana o reconhecimento unânime do bloco europeu à gestão interina de Guaidó. É neste tipo de postura que reside a esperança de resolução do problema para o diplomata brasileiro.

 

“O mundo tem ainda países interessados em resolver a questão e condições de atuar como México, Uruguai, que estão em uma linha de sensatez. Tivemos ontem a Espanha, verdade que o governo espanhol está muito fraco para se imaginar uma participação intensa, mas outro dia o secretário-geral da ONU [António Guterres] falou sobre o perigo de uma guerra civil. Acho que esse é o caminho a seguir e apenas lamento que o Brasil esteja fora de qualquer ameaça de intermediação”, encerrou.

 

Ouça a entrevista de Celso Amorim na íntegra:

 

 

Entrevista em 18.02.2019

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