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“China depende cada vez menos de investimento externo”, diz Belluzzo

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O cenário mundial há algum tempo vem estabelecendo uma nova disputa de hegemonia. Com seu mercado consumidor expressivo, a China apareceu com força, desafiando o poderio econômico e financeiro dos Estados Unidos. Entretanto, boa parte das altas taxas de crescimento do Produto Interno Bruto do país asiático se devia à ação do capital estrangeiro, com empresas de fora atuando em Pequim.

 

Esse panorama tem se alterado nos últimos meses, já que os chineses passaram a operar fortemente na compra de ativos de estatais de outras nações, como pode acontecer em breve no Brasil, com a intenção dos asiáticos em participar do processo de venda da Eletrobras.

 

O diagnóstico foi traçado pelo professor de economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Luiz Gonzaga Belluzzo, que buscou analisar o movimento de capitais ao redor do globo às vésperas de uma alardeada crise.

 

“Se você for observar bem o que tem acontecido com o investimento estrangeiro no mundo, quando fala em investimento, está falando, sobretudo, de fusões e aquisições. Investimento em capacidade produtiva nova você tem apenas na Ásia, sobretudo na China, e ela está cada vez menos dependente do investimento externo, está se transformando em um país que investe fora, diversificando o portfólio. Ela tinha US$ 4 trilhões de reservas, hoje tem três, mas não foi fuga de capital, foi saída de investimentos diretos chineses para adquirir empresas e propriedades fora do país, terra e empresas de energia”, comentou.

 

A disputa pelas ações da Eletrobras, aliás, não deve ser a única intervenção dos chineses no mercado brasileiro. O economista lembrou um encontro recente do qual participou com empresários do país asiático para confirmar a informação.

 

“Tive uma reunião com alguns investidores chineses e eles são muito claros, têm interesse nesse tipo de parceria com o Brasil. Na verdade, estão interessados em diversificar o portfólio em setores que são interessantes do ponto de vista deles. Agora, essa tendência de você adquirir ativos já existentes é um dos sintomas da crise porque você, na verdade, se vale de um ativo de um setor quase monopolista que é o de energia para arrancar uma renda, uma receita disso”, destacou Belluzzo, ressaltando a ineficácia da agenda de privatizações do governo Bolsonaro.

 

“Não tem um efeito em geral sobre a economia, sobre emprego, sobre a renda, sobre o salário. É muito baixo para não dizer negativo porque você produz redução de custos e mais, em geral a experiência internacional mostra que o que ocorre é o aumento de tarifas, então o custo de energia sobe, quando, no Brasil, é o mais alto do mundo. Isso prejudica a atividade de outros setores, sobretudo dos que são eletrointensivos ou da indústria como um todo”, complementou.

 

Já a teoria de que o Governo Federal tem buscado entendimento em diversas áreas com Donald Trump esbarra, para o professor, nas relações que o Brasil estabeleceu com Pequim.

 

“Mesmo que as intenções sejam de alinhamento incondicional com os Estados Unidos, na prática isso vai se tornar impossível porque o nossos maiores parceiros comerciais são os chineses e, além disso, o que está ocorrendo é que o investimento externo no Brasil está cada vez mais dependente dos capitais chineses. O que está acontecendo é que ele [Bolsonaro] tem uma visão retrógrada das relações internacionais, a China está se tornando o maior protagonista tanto do ponto de vista comercial, como do ponto de vista do investimento e tecnológico”, concluiu Belluzzo.

 

Ouça a entrevista de Luiz Gonzaga Belluzzo:

 

 

Entrevista em 03.09.2019

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