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Comitê: “Dinâmica de acumulação está envolvida em Brumadinho”

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A informação de que a mineradora Vale sabia dos elevados riscos de rompimento da barragem de Córrego do Feijão, em Brumadinho, alerta para um aspecto comum na relação das empresas privadas com seus negócios: os lucros.

 

O membro do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração Carlos Bittencourt destacou a irresponsabilidade dos diretores da companhia trazendo dados que corroboram a tese.

 

“Isso se soma às informações que vêm sendo divulgadas de que a Vale cortou diversos investimentos em segurança para privilegiar a remuneração dos seus acionistas. Inclusive parece que a Vale fez a contabilidade quanto às perdas, isso é uma questão gravíssima e agravante no processo em relação à empresa, que não só não foi capaz de impedir que o risco geral resultasse na tragédia, mas, percebendo que havia um risco especial de rompimento daquela barragem, não fez as devidas soluções técnicas para impedir”, acusou.

 

Dois relatórios internos da mineradora, divulgados pela agência Reuters, datados de 2017 e 2018 revelaram que a barragem tinha chances de colapso duas vezes maior que o nível máximo de risco tolerável. Além disso, o segundo documento aponta que a estrutura estava em uma ‘zona de atenção’.

 

Em nota, a empresa negou a existência em relatórios, laudos ou estudos de qualquer menção ao risco de rompimento iminente da barragem em Brumadinho. A Vale ressaltou também que a estrutura ‘possuía todos os certificados de estabilidade e segurança nacionais e internacionais’.

 

“Está só no começo porque ainda podem aparecer, conforme a investigação se aprofunda, documentos, e-mails corporativos, a própria relação da empresa com os técnicos que prestaram o último relatório de risco da barragem, daquela empresa alemã, as evidências podem se aprofundar de que a Vale subestimava o risco para não ter de aumentar seus investimentos em cautela e prevenção”, lembrou Carlos.

 

Após a tragédia ocorrida na cidade mineira que deixou até agora 166 mortos e 155 pessoas ainda desaparecidas, a mineradora anunciou que irá encerrar as atividades em todas as suas barragens que operam pelo método a jusante, semelhante às de Brumadinho e de Mariana, que se rompeu em 2015.

 

Apesar da iniciativa da empresa, o membro do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração considera a medida insuficiente para conter os riscos de novos desastres.

 

“Devíamos estar discutindo o controle público sobre a empresa porque é evidente que esse modelo de remuneração de acionistas, redução de custos em prevenção, destruição ambiental, desvalorização trabalhista fazem parte dessa dinâmica privada de acumulação. É necessário fazer um debate mais profundo sobre a necessidade de controle público mais presente porque a Agência Nacional de Mineração é a mais permeável aos lobbies e à corrupção envolvendo as mineradoras e os entes públicos. Estamos literalmente com o lobo tomando conta do galinheiro”, encerrou.

 

Ouça a entrevista de Carlos Bittencourt na íntegra:

 

 

Entrevista em 14.02.2019

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