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“Crise com Irã é projeto global dos Estados Unidos”, analisa Kocher

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O clima de tensão entre estadunidenses e iranianos no Oriente Médio cresce a cada dia. Na última segunda-feira (17), o governo do Irã anunciou o aumento no estoque de Urânio pouco enriquecido nos próximos 10 dias, medida que viola o acordo nuclear firmado com algumas potências em 2015, do qual os Estados Unidos se retiraram após Donald Trump assumir o poder.

 

A postura de enfrentamento do país asiático em seu programa nuclear surpreende alguns analistas, dado o predomínio militar da superpotência global. A atitude iraniana vem como resposta a uma acusação dos Estados Unidos sobre a suposta autoria de um atentado a petroleiros japoneses no Golfo de Omã.

 

Os militares estadunidenses, por sua vez, anunciaram o envio de mais 1 mil soldados ao Oriente Médio, somando-se aos 1,5 mil que já se encontram na região. O professor de História Contemporânea da Universidade Federal Fluminense (UFF) Bernardo Kocher acredita que o novo imbróglio entre as nações não pode ser analisado isoladamente.

 

“Não é uma questão tópica entre Estados Unidos e Irã, mas sim um projeto global de uma coisa meio contraditória da política externa americana sob o Trump. Constata-se, em primeiro lugar, uma crise de hegemonia, lembremos que os Estados Unidos desde o final da Segunda Guerra é o chamado hegemon, a liderança que se estabeleceu com a destruição da Europa, encabeçou a Guerra Fria, entrou em crise nos anos 1970 e até hoje vem tentando recuperar essa hegemonia”, avaliou.

 

A iniciativa estadunidense de retomar o controle global, hoje disputado diretamente com a China, passa pela imposição militar, algo que o docente considera reprovável, apesar de reconhecer que é o modus operandi do atual mandatário.

 

“Um líder não hegemoniza pela coerção, pela violência, mas acho que é justamente isso que o governo americano está fazendo, diria até que é uma espécie de doutrina Trump, tentar forçar e combater adversários, competidores, projetos políticos regionais ou globais de países que têm força política, econômica e militar a se conter e deixar os Estados Unidos agir não só nesses países, mas nos vizinhos. Lembremos que o Irã é um competidor da Arábia Saudita, um grande produtor de petróleo, a rivalidade xiita x sunita está presente em função do papel do Irã no Iraque, no Líbano através do Hezbollah. O Irã é um protagonista pró-ativo dentro do mundo muçulmano e da economia global”, ressaltou Kocher.

 

Apesar do reforço dos Estados Unidos no número de militares na região de tensão, o professor da UFF não crê que o governo estadunidense tente uma intervenção armada contra o país asiático.

 

“É um jogo de desgaste, uma guerra com o Irã terá um custo imenso para a política externa americana porque o Irã tem forças militares de todo tipo articuladas. O Irã não é o Iraque de Saddam Hussein, não é a Líbia do [Muammar] Kadhafi, e não é mesmo a Venezuela, tanto que o poder de intervenção dos Estados Unidos dentro do Irã é muito limitado. É mais do mesmo, mais uma tentativa, não existe nada de específico nisso”, citou.

 

Ouça a entrevista de Bernardo Kocher:

 

 

Entrevista em 18.06.2019

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