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“Crise está mostrando importância do Estado”, avalia docente da UFRJ

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O momento conturbado que as economias em todo mundo atravessam por conta da pandemia do coronavírus põe em cheque as políticas neoliberais promovidas por diferentes governos. Há países que discutem a reestatização de seus sistemas de saúde para garantir o atendimento à população, como é o caso da Espanha

 

No Brasil, a gestão de Jair Bolsonaro insiste na aprovação das reformas como parte da solução para a perda de recursos da população. As medidas emergenciais implementadas pelo ministro da Economia Paulo Guedes para minimizar os efeitos da Covid-19 foram avaliadas como insuficientes por boa parte dos analistas.

 

Neste quadro de insolvência econômica, reforça-se a necessidade de uma ação incisiva do Estado. Foi o que disse o cientista político e professor do Instituto de Relações Internacionais e Defesa (Irid) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Carlos Eduardo Martins.

 

“Estamos passando por uma situação similar a de economia de guerra, diante de uma recessão global importante, a primeira que tem seu epicentro na China. Se calcula que, no 1º bimestre, a economia da China contraiu em 12% e esse processo vai atingindo o mundo inteiro em função da articulação da economia chinesa com a economia global e do espalhamento da ameaça do coronavírus. O PIB norte-americano também aponta para uma desaceleração e até mesmo para contração. A reação das políticas governamentais tem sido de impulsionar os gastos públicos como instrumento de indução do crescimento para combater essa recessão“, disse.

 

“No momento em que o projeto neoliberal está em uma situação de profunda desmoralização no mundo inteiro, essa crise está mostrando a importância do Estado, das políticas públicas de sustentação da saúde pública das populações. A conjuntura vem mostrando que o Estado é um fator fundamental para garantir desenvolvimento, segurança social e saúde pública. Planejamento público é fundamental. E, no Brasil, temos a tentativa de manter essa política de austericídio do Paulo Guedes”, lamentou o especialista.

 

A postura dos partidos ditos progressistas no país diante da ausência de medidas governamentais de contenção da crise e das atitudes do presidente da República, que desobedeceu ao confinamento sugerido pelos médicos por suspeita de infecção pelo coronavírus, além de minimizar o problema apontando ‘histeria’ da população, foi criticada pelo docente.

 

O professor da UFRJ espera que o insucesso demonstrado pelas políticas de liberalismo econômico ao redor do mundo promova iniciativas das oposições no Brasil.

 

“Temos uma esquerda orgulhosa da sua independência, mas também da sua vida em uma pequena bolha, isso não resolve os problemas. Essa situação de desgaste do projeto neoliberal e exibição de toda a sua irresponsabilidade social, com a vida do nosso povo é nova e pode, quem sabe, produzir a energia política que nos ajude a desmontar esse paradoxo, que é de duas esquerdas inócuas. Uma que busca um centrismo, um reformismo que não apresenta nenhuma capacidade de enfrentar esse projeto de ocupação e, de outro lado, uma esquerda orgulhosa da sua pequena independência política, que não cria nenhum mecanismo de alavancagem para outro patamar”, ressaltou.

 

Ouça a íntegra da entrevista de Carlos Eduardo Martins:

 

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