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Docente: “Vamos pagar ineficiência da esquerda com vidas de pessoas”

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A falta de perspectivas para saída da crise econômica que o país atravessa, agravada pela pandemia do novo coronavírus, não encontra alento nas medidas governamentais. A injeção emergencial de recursos anunciada pelo ministro Paulo Guedes na última segunda-feira (16) veio aquém das expectativas do mercado.

 

Não bastasse isso, boa parte das ações do Ministério se referem à antecipação do cumprimento de direitos da população, como a primeira parcela do 13º salário a aposentados e pensionistas, e a prorrogação do pagamento de impostos por pessoas físicas e jurídicas.

 

O debacle das finanças no país e em todo mundo, no entanto, não é de hoje. O professor de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Marcelo Carcanholo explicou os motivos pelos quais este processo global acontece.

 

“A primeira coisa que tem de ficar clara é que essa crise da economia mundial que vem há algum tempo, mas estoura no começo de 2020, já estava sendo anunciada por conta de um descolamento da chamada bolha financeira, da economia real em relação à economia que acaba rolando nesses mercados financeiros. A causa dessa crise imediatamente até pode ser essa pandemia do novo coronavírus, mas não é um choque exógeno como os membros que equipe econômica falam, como se não estivesse no radar”, afirmou.

 

“Era obrigatório que existisse algum tipo de precaução. Essa crise estoura também por uma questão específica dos mercados, o preço do petróleo, mas justamente em um momento onde o planejamento econômico, a estratégia de desenvolvimento deste governo era de aprofundamento das reformas pró-mercado que já vinham há algum tempo. Não podemos esquecer que assim que estoura o temor mundial com respeito à propagação do novo coronavírus, o governo reiteradamente afirmava que a solução era o aprofundamento das reformas”, prosseguiu o docente.

 

A estratégia de priorizar as mudanças das regras constitucionais, algumas já aprovadas e outras que terão tramitação em breve no Congresso, ampliou o abismo de classes existente no país, de acordo com Carcanholo.

 

“O que há de específico é que o que fizemos nessas reformas foi um agravamento do quadro econômico e social, portanto um aumento da vulnerabilidade social das pessoas principalmente, mas não só, por conta das reformas trabalhista, que aumentou a informalidade, e da Previdência, que reduziu a renda líquida de muitos indivíduos. Quando estoura a crise, essas pessoas acabam ficando desamparadas. As medidas que o governo anunciou e promete que vai anunciar me pareceram muito mais um desespero”, citou.

 

Por outro lado, as legendas de esquerda, que se opõem à gestão de Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto, têm capacidade reduzida de embate institucional. Na opinião do economista, os partidos deixaram de lado a militância nas ruas.

 

“Há algum tempo essa oposição mais crítica em relação à agenda por várias razões vem perdendo a base social, a capacidade de diálogo com a população, a construção de alternativas a partir de baixo. O velho e bom chamado trabalho de base é uma característica que essa oposição crítica perdeu já há algum tempo e isso cobra em termos políticos o seu preço, é difícil e demorado de ser reconstituído”, avaliou.

 

“Infelizmente o preço dessa incapacidade daqueles que são contrários a essa agenda liberal que já vem sendo implementada desde os anos 1990, incluindo alguns governos autoproclamados de esquerda, de não ter conseguido fazer isso antes, vamos pagar com vidas pessoas, de brasileiros”, lamentou o especialista.

 

Ouça a entrevista de Marcelo Carcanholo:

 

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