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Editorial – 04.03.2020

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Vejam como são as coisas: afirmam que as instituições funcionam plenamente aqui no Brasil, as instituições democráticas, aquelas que devem zelar pela nossa democracia. Pois bem, ontem o presidente do Senado acabou acertando um acordo com o presidente Bolsonaro a respeito da tal regulamentação com relação às emendas parlamentares. Há uma grande divergência, o relator do orçamento desse ano ampliou a margem de manobra dos parlamentares em torno dessas emendas e, com isso, gerou muito atrito especialmente na área econômica do governo.

 

Pois bem, ontem foi feito um acordo diretamente entre o presidente do Senado e o presidente da República, o Poder Executivo enviou três Projetos de Lei ao Congresso justamente para regulamentar a execução destas emendas de acordo, inclusive, com essa conversa do presidente do Senado com o Bolsonaro, e o que ocorreu é que Bolsonaro, que gosta de se mostrar intransigente frente à pequena política, à baixa política, especialmente no tocante a negociações com parlamentares, simplesmente, para satisfazer a sua base, sustenta que não houve acordo nenhum.

 

Com isso, o Congresso também através principalmente do Senado retaliou e remarcou para a semana que vem a apreciação dos vetos presidenciais. Enquanto isso, a tal da democracia brasileira navega em águas extremamente perigosas. Vejamos o que aconteceu nessa situação do motim no Ceará. Claramente as forças que vêm comandando o Palácio do Planalto estimularam esse tipo de comportamento de forças policiais que estão insatisfeitas em vários estados, afinal de contas o arrocho contra o setor público atinge também o setor da segurança e esses trabalhadores da polícia acabam tendo insatisfações, mas o seu poder de fogo parece muito maior do que trabalhadores quaisquer, conforme inclusive os episódios lá do Ceará deixaram muito claro.

 

Ora, existiu naquele momento, especialmente em Sobral e em outras cidades do Ceará, um comportamento absolutamente inadmissível dessas forças policiais. Eles organizaram, na verdade, motins e com isso se esperava uma ação muito vigorosa, especialmente do Governo Federal, que gosta de defender a disciplina, a ordem e os bons costumes, mas o que vimos foi, em primeiro lugar, o próprio Sérgio Moro admitindo que a greve era proibida, mas afirmando, ao mesmo tempo, que os policiais amotinados não eram criminosos. Ora, se não eram criminosos, não poderiam praticar crimes, conforme inclusive praticaram como seus rostos sendo cobertos e outras ações de intimidação à própria população.

 

Note-se que são trabalhadores armados para executarem o tal do monopólio da violência por parte do Estado, mas, muito mais do que isso, o diretor da Força Nacional, por exemplo, chamou os polícias que cruzaram os braços de gigantes e corajosos. Por outro lado, o coronel também afirmou o seguinte: ‘só os fortes conseguem atingir os seus objetivos’. Em um contexto onde existe essa movimentação de insatisfação de policiais em vários estados do Brasil é evidente que esse tipo de abordagem da ação dos policiais na luta por melhores condições de trabalho é um estímulo tremendo a que outras manifestações dessa natureza venham a ocorrer em outros estados e é nesse sentido que eu chamo a atenção.

 

O que pretende o Palácio do Planalto como tudo isso? Sem nenhum tipo de esclarecimento até o momento dessas relações da própria família Bolsonaro com o ex-capitão do Bope que foi executado na Bahia, que também, através da sua polícia, deveria prestar esclarecimentos daquela ação desastrada que eliminou fisicamente uma testemunha que seria muito importante para esclarecer vários dos crimes que ocorrem aqui no Rio de Janeiro, inclusive o assassinato da própria vereadora Marielle.

 

Por isso, todos esses precedentes são muito graves e mostram que essa história de que as instituições estão funcionando no Brasil precisa ser qualificada. Evidentemente que estão, mas para quem, com que propósitos, como é possível essas instituições conviverem com ações tão questionáveis por parte, inclusive, do próprio presidente da República. Essa é a grande questão que deve ser respondida.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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