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Editorial – 04.11.2019

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Hoje completa-se 600 dias da morte, do assassinato, da execução de Marielle Franco e seu motorista. Essa informação, por si só, já chama a atenção de um conjunto de questões obscuras que cercam esse terrível crime, afinal de contas como é possível uma pessoa pública como Marielle, uma vereadora, uma pessoa que representava a luta de boa parte dos segmentos mais combativos da nossa cidade, como um assassinato dessa natureza demora tanto tempo para ter os seus mandantes, suas motivações esclarecidas?

 

Isso, por si só, já nos chama muito a atenção, mas muito mais do que isso, o que me chama atenção é essa verdadeira novela envolvendo essas investigações. Investigações que, inclusive, já são objeto de uma investigação que apura, na verdade, os caminhos, desvios e descaminhos dessa própria investigação. É uma investigação feita pela Polícia Federal a pedido do Ministério Público Federal sobre a polícia do Rio de Janeiro e o próprio Ministério Publico aqui do Rio de Janeiro.

 

Ministério Público que, na última semana, mostrou muito bem todas as suas fraturas. Afinal de contas, como é possível tanta demora desse mesmo Ministério Público na solicitação de uma perícia nas gravações de áudio da tal portaria do condomínio? Mais grave do que isso, como é possível que essa perícia só tenha sido solicitada um dia após a denúncia feita pelo Jornal Nacional, onde se informava claramente que, de acordo com os depoimentos do porteiro desse condomínio que trabalhava no dia do assassinato de Marielle, o senhor Élcio Queiroz, o suposto motorista desse crime, teria estado no condomínio e simplesmente pediu autorização para entrar no mesmo a partir de ligação feita para a casa da família de Bolsonaro, particularmente Jair Bolsonaro, o atual presidente da República.

 

Bem, o Ministério Publico aqui rapidamente se apressou em procurar desconsiderar e, mais do que isso, desmentir, contestar as informações do porteiro, e tudo a partir de gravações que agora, no sábado, ficamos sabendo, foram acessadas pelo senhor Bolsonaro sob o pretexto de procurar fazer isso antes que o áudio dessas gravações da portaria fosse adulterado. Pelo menos esse é o ponto de vista do Bolsonaro. Evidentemente que isso imediatamente foi identificado como uma tentativa de obstruir as investigações.

 

Ontem Bolsonaro procurava se explicar e afirmou apenas que seu filho Carlos filmou e gravou o áudio da secretária eletrônica da referida portaria, e negou qualquer intenção de obstruir as investigações. Agora, francamente, tem muita coisa muito mal explicada em toda essa história, além da demora do MP em pedir essa perícia nas investigações, a forma como foi feita, de maneira açodada, um dia depois da própria denúncia do Jornal Nacional, mostra que tem muita coisa debaixo dos panos e que precisa ser devidamente esclarecida. Mais do que isso, essa perícia foi solicitada simplesmente algumas horas antes daquela desastrada entrevista coletiva onde as procuradoras procuravam desmentir o porteiro.

 

Uma das procuradorias é uma bolsonarista descarada, e por aí vai. Por isso, mais do que nunca, precisamos jogar luz nessa história toda, afinal de contas existe o não esclarecimento de um assassinato gravíssimo no Rio de Janeiro envolvendo uma representante popular eleita para a Câmara dos Vereadores, existe claramente, no mínimo, suspeitas muito palpáveis do envolvimento da família de Bolsonaro nessa história, pelo menos através do relacionamento pessoal com alguns desses suspeitos de terem matado Marielle.

 

Por isso, nesses 600 dias de falta de esclarecimento adequado por parte do Ministério Público, da Justiça, da polícia, nós simplesmente queremos chamar a atenção que nunca antes tivemos tantas evidências que precisam ser checadas, investigadas e, ao mesmo tempo, tanta omissão das autoridades, e mais do que isso, com as ameaças que vêm sendo feitas pela família Bolsonaro contra a tal da democracia brasileira e nossas podres instituições. Sabemos que essas instituições deixam muito a desejar, agora quem deve esclarecimentos muito claros hoje a respeito inclusive de um possível envolvimento com esse terrível assassinato, sem sombra de dúvidas, é a própria família Bolsonaro.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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