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Editorial – 04.12.2020

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O anúncio pelo IBGE da alta de 7,7% do Produto Interno Bruto no terceiro trimestre do ano, aquém das expectativas do mercado e à esteira da maior queda da história do indicador econômico, se foi um choque de realidade para aqueles setores da economia que esperavam a recuperação total das perdas provocadas pelos efeitos da pandemia, serviu para os neoliberais do Governo Federal indicarem que retomarão na íntegra sua agenda de maldades no país.

 

De acordo com a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia, o “escudo de políticas sociais” criado para amenizar os impactos da pandemia no país, que inclui o auxílio emergencial, deve ser desarmado para o ano que vem. Pior: eles disseram também que essa iniciativa abre espaço para a agenda de reformas estruturais e medidas de ajuste das contas públicas que, na avaliação do governo, “são o único meio para que a recuperação se mantenha pujante”.

 

Já o ministro Paulo Guedes avaliou que a nossa economia está voltando em V, com forte retomada após queda vertiginosa no primeiro semestre. Além de desconsiderarem a nova desaceleração que a nossa economia terá nesses últimos três meses de 2020 por conta da nova alta do número de infecções pela Covid-19 em todo o país, parece que os financistas do Palácio do Planalto esquecem que o Brasil vem de cinco anos de uma trajetória que combina recessão e estagnação.

 

Covardes e falaciosos, é assim que nós podemos classificar essa turma que se locupletou do nosso país desde o processo que culminou com a chegada de Jair Bolsonaro ao poder. Nós vamos nos aprofundar nessa análise nos próximos dias, mas eu gostaria de voltar a um assunto que foi pouco abordado aqui no programa, que é essa nova ocupação do ex-juiz Sergio Moro. A respeito disso, eu farei a leitura da coluna do jornalista Bernardo Mello Franco, publicada na última quarta-feira (02) pelo jornal O Globo, que tem o título de “Os interesses de Sergio Moro”:

 

O juiz que comandou a Lava-Jato virou sócio de uma consultoria que socorre empresas falidas na operação. O novo emprego de Sergio Moro tem levantado discussões sobre ética e conflito de interesses. Não é a primeira vez que acontece com ele.

 

Em 2018, Moro mandou prender o candidato que liderava a corrida presidencial. A decisão abriu caminho para Jair Bolsonaro, que ocupava o segundo lugar nas pesquisas. Sete meses depois, o juiz pendurou a toga para se juntar à tropa do capitão.

 

O convite para integrar o governo foi feito durante a campanha, segundo o próprio Moro. O pacote incluía uma vaga no Supremo Tribunal Federal, mas ele rompeu com o chefe antes de selar a nomeação.

 

Agora a zona cinzenta se deslocou da política para o mundo dos negócios. Moro será sócio-diretor da consultoria americana Alvarez & Marsal, especializada em recuperar empresas quebradas. Entre seus clientes, estão quatro alvos da Lava-Jato: Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão e Sete Brasil.

 

Em nota, o ex-ministro disse que pretende “ajudar as empresas a fazer coisa certa”. “Não é advocacia, nem atuarei em casos de potencial conflito de interesses”, afirmou. A A&M o apresentou como um especialista em “liderar investigações anticorrupção” e “aconselhar clientes sobre estratégia e conformidade regulatória proativa”. Já se sabia que Moro aconselhava procuradores, falta saber o que ele dirá aos réus.

 

O ex-juiz selou o destino das quatro empresas atendidas pela A&M. Analisou informações confidenciais, condenou executivos e assinou acordos de delação e leniência. No caso da Odebrecht, ele fixou o pagamento de US$ 2,6 bilhões em multas. Agora virou sócio da consultoria que toca a recuperação judicial da empreiteira.

 

“Moro está emprestando o patrimônio da Lava-Jato a uma empresa que lucra com os resultados dela. A meu ver, isso põe muitos processos que ele julgou em suspeição”, afirma o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. O ex-ministro poderá responder a um processo disciplinar na Ordem. Nas mãos do juiz Moro, o consultor Sergio estaria em apuros”.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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