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Editorial – 05.03.2020

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Para quem acompanha o nosso programa Faixa Livre, de fato não houve novidade alguma com esse resultado divulgado ontem pelo IBGE do crescimento da economia brasileira no ano passado, apenas 1,1%. Entretanto, ainda que esta tenha sido uma das explicações apresentadas pelo senhor Paulo Guedes, a questão de que todos poderiam esperar isso, não é nenhuma novidade esse crescimento, o fato é que essa taxa frustrou todas as propagandas e informações que nos foram dadas ao longo do ano pelo próprio governo e, principalmente, por Paulo Guedes.

 

A tónica sempre foi, ao longo do ano, a importância da aprovação de determinadas mudanças, inclusive na nossa Constituição, para que o país voltasse a crescer. Sim, porque depois da grave recessão de 2015 e 2016, nós estamos patinando. Tivemos crescimento de 1,3% tanto em 2017, como em 2018, mesmo, em 2018, tendo toda aquela badalação em torno das mudanças na área trabalhista que iriam, de acordo com aqueles que defendiam a contrarreforma da CLT, impulsionar o crescimento econômico e, principalmente, a geração de empregos.

 

Pois bem, o que estamos assistindo, mesmo depois desse ano em que foi incrementada a tal contrarreforma da Previdência, é que os resultados não são apresentados. É lógico que existem questões estruturais que precisam ser vistas. Por exemplo, o governo aposta em uma maior integração com a economia internacional e, principalmente, na atração de investimentos externos para recuperarmos o crescimento, mas será possível visualizar uma situação como essa em um quadro internacional onde cada vez mais as incertezas são patentes?

 

E as incertezas não se dão pela tal falta de confiança dos empresários na economia. O problema é que existe no plano internacional muitas incertezas de natureza financeira e, no plano nacional, o que existe é uma depressão total da capacidade de compra das famílias, dos trabalhadores. Estamos passando por um processo de arrocho que atinge também a estados e municípios, e é em um quadro como esse que ontem o senhor Rodrigo Maia levantou a possibilidade de gastos estatais poderem, de fato, catapultarem a economia.

 

É fato, de acordo com a história econômica, em momentos de crise é o Estado, em última instância, que tem condições de sustentar investimentos e impulsionar inclusive o tal espírito animal dos empresários. Porém, aqui no Brasil, o que está em curso é outro objetivo, é a liquidação de toda a capacidade do Estado brasileiro fazer frente aos enormes desafios que se colocam no nosso presente. A política de venda de estatais, a política de flexibilização de regras que deveriam regular o movimento de capital, tudo isso faz com que a gente se entregue, na verdade, a um destino incerto e é sobre isso que nós temos de refletir, ainda mais em um momento em que o presidente da República é useiro e vezeiro em desrespeitar o seu eleitorado e o povo brasileiro.

 

O que assistimos ontem na porta do Palácio do Alvorada é realmente uma falta total de respeito com todos nós, e isso nos remete inclusive a essa trajetória de um político absolutamente polêmico como Bolsonaro, que nunca apresentou nenhum tipo de resultado mais efetivo como deputado federal nos seus longos anos em Brasília e que agora, na Presidência, se pontifica através de posições absolutamente polêmicas, que inclusive ferem o mínimo de um decoro presidencial que deveríamos exigir.

 

Por isso, o Brasil encontra-se hoje doente, precisamos reagir. O problema é quais são os instrumentos que temos para essa reação, afinal de contas estamos observando as oposições, de alguma maneira, completamente perdidas, especialmente as oposições de esquerda. Nesse sentido, precisamos pensar muito bem sobre a nossa situação nacional, afinal de contas até quando iremos conviver com tantos absurdos nas áreas política, social e comportamental, a começar por essa figura que ocupa hoje o Palácio do Planalto? Temos muita responsabilidade com esse nosso presente, porque disso vai depender fundamentalmente o que poderemos esperar de um futuro próximo.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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