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Editorial – 06.03.2020

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O Brasil encontra-se sob ataque, não percebe isso quem não quiser. Basta observar as palavras, por exemplo, do ministro da Economia, esse ministro que, junto com Bolsonaro, promove uma verdadeira liquidação de ativos aqui no Brasil, com venda de estatais e, principalmente, muitos negócios obscuros que precisariam ser investigados, no meu ponto de vista, até mesmo pela polícia. Uma dessas questões diz respeito a declarações do senhor Paulo Guedes, que acabam apenas por estimular a atividade especulativa no país, conforme observamos ontem, quando ele afirmou claramente que o dólar pode chegar até R$ 5 se muita besteira for feita, e foi nisso que o mercado especulativo financeiro apostou.

 

Levou a moeda americana a um recorde de R$ 4,65 na sua cotação, produziu uma verdadeira queda vertiginosa nas cotações da Bolsa de Valores de São Paulo e estabelece, ou pelo menos mantém, essa verdadeira balbúrdia que significa o balcão de negócios em que o governo se transformou. Mas principalmente hoje, nessa edição do Faixa Livre, iremos homenagear as mulheres e a luta feminista, essa luta que no próximo dia 8 ganha expressão e manifestações pelo mundo afora, e nós aqui nesse espaço próprio de comentários do Faixa Livre, nosso espaço editorial, vamos nos render aos argumentos de uma mulher, no caso a jornalistas Ruth de Aquino, que elaborou um texto muito curioso chamado “O porta-bandeira do insulto”. Ela escreveu o seguinte:

 

“Continue, Bolsonaro! Continue assim, presidente. Continue a se mostrar como é, sem disfarces ou escaramuças. Pelo bem do Brasil em 2022. Neste carnaval e no resto do ano, não rasgue a fantasia de Jair Bolsonaro, o abominável homem das praias e planaltos. Não dê ouvidos a generais ou civis que tentem moldá-lo. Ignore parlamentares. 

 

Somos um regime presidencialista…e cristão. Não é mesmo? Glória nas alturas. Abrace muito o Crivella, aquele pastor tão querido do Rio de Janeiro. Dancem. Na real e na metáfora. Amém. Se der para incluir o Witzel no abraço e no samba, está valendo. Ele também gosta de mandar a polícia mirar na cabecinha. E se o bloco incluir os irmãos metralha Zero Um, Zero Dois e Zero Três, teremos um trio elétrico para ninguém botar defeito na república das bananas.

 

Nas rodas de samba, não há outro assunto. Os furos que o chefe do Executivo dá a troco de nada. As grosserias que envergonham foliões. Greenpeace é um lixo, uma porcaria. Índio está evoluindo e ficando parecido com ser humano. Reservas são zoológicos. Uma pessoa com HIV é uma despesa para todos. Oriental tem pau pequeno. Quem quiser vir fazer sexo com uma mulher, fique à vontade. Não podemos ser um país do mundo gay. Governador do Nordeste é paraíba. O educador Paulo Freire era um energúmeno. Nem “a porra da árvore” escapou.

 

O Brasil, agora, está diante não de uma piada de mau gosto, mas de um crime de difamação moral e sexual. Jair Bolsonaro disse com riso indecente que a jornalista da “Folha de S.Paulo”, Patrícia Campos Mello, queria “dar o furo” em troca de informações. Galgou o pódio dos desprezíveis. O normal, num país regido por leis, é que o presidente seja instado a retirar o que disse e pedir desculpas. O normal é que ele condene o vídeo nojento e criminoso que compara jornalistas a prostitutas e ordene às redes Bolsonaristas que o retirem do ar. Isso não livra ninguém de processo.

 

O monopólio da grosseria nunca se restringe aos comandantes. Para agradar ao chefe, seus diretos imitam o estilo porque pode valer afagos e promoção. Todos se tornam a pior versão de si mesmos quando o superior é rude. 

 

Paulo Guedes não se imaginava assim como ministro. Começou com tchutchuca é a vó, chamou servidores de parasitas e criticou a festa danada de empregadas na Disney. Já se desculpou, até o próximo “deslize”. Os generais tiram do armário a farda embolorada de linha-dura. Eduardo, o ex-futuro-embaixador, se esgoela na Câmara para atacar adversárias políticas: “Raspa o sovaco, hein? Senão dá um mau cheiro do caramba”. 

 

É só seguir o thread, o fio condutor do cotidiano. O Brasil começa a legitimar violência, intolerância e falta de educação entre compatriotas. A folia é a do impropério, do abuso. 

 

Houve um momento em que achei que jornalistas nem deveriam aparecer mais em frente ao Palácio da Alvorada para ser ofendidos por Bolsonaro. Que deixassem o presidente falando sozinho para sua claque. Mas não. Quanto mais à vontade Bolsonaro estiver no figurino do capitão Jair, maior será o serviço prestado pela imprensa.

 

O mundo conhece ditadores de direita, ditadores de esquerda, democratas populistas. Bolsonaro desfila em outra ala, que transcende a ideologia. A ala dos vulgares e repulsivos. A vontade é de cancelar Jair. Mas, para o Brasil, melhor que ele não emudeça nem rasgue a fantasia dantesca. Que continue a expor seus paetês e seus esgares como porta-bandeira do insulto. Talvez assim, com nota zero em harmonia e enredo, consiga o rebaixamento”. 

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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