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Editorial – 07.01.2022

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A discussão sobre a possível escolha do ex-presidente Lula pelo nome de Geraldo Alckmin para compor sua chapa presidencial segue no imaginário da militância de esquerda do nosso país. E hoje eu quero ler aqui para vocês ouvintes, nesse espaço editorial, uma crítica que o professor da Universidade de Brasília (UnB) Luís Felipe Miguel publicou essa semana, nas suas redes sociais, a respeito do tema. Ele escreve o seguinte:

 

Tem um uso desleixado de Maquiavel ou então do conceito de “realpolitik” para justificar a composição de Lula com Alckmin.

 

Como se os críticos fossem movidos por principismo, por purismo, algo assim.

 

Mas não é isso, nem de longe. O problema da vice para Alckmin está nas consequências do arranjo.

 

Maquiavel e realpolitik não apontam para busca de cargos por cargos, mas para fazer política usando os meios necessários para alcançar aquilo que se quer.

 

Então a primeira questão é: o que se quer nas eleições de outubro?

 

A primeira resposta, óbvio, é: derrotar Bolsonaro.

 

Para isto, Alckmin provavelmente não atrapalha. Mas certamente também não é necessário.

 

É necessário ir um pouco além. Queremos derrotar Bolsonaro para quê?

 

Se for para recolocar o Brasil na trilha da democracia, qual o sentido de compor chapa com um dos artífices de sua derrocada?

 

Um homem do golpe de 2016, um dos esteios do governo Temer, um aliado do lavajatismo que contava com a simpatia ativa de Moro antes que ele se bandeasse para Bolsonaro, um cúmplice do resultado eleitoral de 2018, alguém que até ontem ainda oscilava entre oposição ou apoio envergonhado ao atual desgoverno.

 

E que, não custa lembrar, tem aceitado, feliz, os agrados que tanta gente à esquerda agora lhe concede, mas não faz nem sombra de autocrítica de seu comportamento passado.

 

A presença de Alckmin na chapa serve apenas para sinalizar que o novo governo evitará enfrentar os interesses poderosos que foram e continuam sendo os grandes entraves à democracia no Brasil.

 

Pior do que a chapa é a reação de uma parte significativa da militância petista, y compris aquela que está no PSOL, PCdoB ou PSB, pronta a encontrar qualquer justificativa para o acordo.

 

Muitas vezes, agredindo gratuitamente quem o critica e girando em 180 graus sua avaliação de Alckmin, da noite pro dia.

 

É difícil fazer isso e continuar tendo moral para chamar os bolsomínions de “gado”.

 

Creio que, ao contrário, é a inconformidade da base que pode mover a candidatura Lula para posições menos retrancadas.

 

Um exemplo dos últimos dias: as manifestações de Lula e da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, elogiando a iniciativa de revogação dos retrocessos na legislação trabalhista pelo governo espanhol – e insinuando que o mesmo deve ser buscado no Brasil.

 

Não há dúvida de que este movimento se deve à vontade de dar uma satisfação a outros setores da militância (e também muitos dirigentes petistas), que têm verbalizado sua inconformidade com os acenos ao ex-tucano.

 

Se a esquerda aceitar ficar calada, o golpe de 2016 e o bolsonarismo podem comemorar: alcançaram seu objetivo”.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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