Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:

Editorial – 07.04.2020

Compartilhe:
editorial_1170x530

Os ânimos em Brasília seguem quentes. Parte dessa temperatura alta é provocada pelo processo de fritura pelo qual passa o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que entrou definitivamente em rota de colisão com o presidente Jair Bolsonaro após as posições distintas de ambos em relação ao isolamento horizontal recomendado pelas autoridades de saúde para minimizar os efeitos provocados pela pandemia do novo coronavírus.

 

Em mais uma prova de desprestígio ao titular da Pasta, Bolsonaro reuniu sua equipe ministerial ontem no Palácio do Planalto sem a participação de Mandetta. No entanto, o mais cotado para assumir sua vaga, Osmar Terra, marcou presença no encontro.

 

Na última semana, o ministro já havia deixado de participar de uma reunião com profissionais de saúde de todo país com sua equipe da Pasta. Alegou que não foi convidado. Mandetta já confidenciou a seus aliados políticos que não deseja mais seguir no cargo por conta da queda de braço com o ex-capitão do Exército. No entanto, ele garante que não pedirá demissão.

 

Do outro lado, Bolsonaro quer sua saída do cargo, mas também diz que não irá demiti-lo. Em Brasília já circula a informação de que os militares impedem que Bolsonaro tire Mandetta do posto. O político do DEM avisou na noite de ontem que permanece na Pasta após reunir-se com o próprio presidente. Um sinal de trégua na tentativa de conservar sua vaga no governo foi a mudança na estratégia proposta pelo Ministério, reduzindo o isolamento nas cidades com 50% da capacidade de saúde vaga. Elas passariam do Distanciamento Social Ampliado (DSA) para uma transição ao Distanciamento Social Seletivo, onde apenas alguns grupos seriam mantidos em quarentena.

 

A verdade é que o presidente quer fazer valer de qualquer forma seu posicionamento irracional de acabar com o isolamento para que a atividade econômica seja retomada. E isso não é apenas algo do ideário do chefe do Executivo.

 

O chamado gabinete do ódio montado por ele e chefiado pelo seu filho Carlos alimenta sua base com esse tipo de teoria. Prova disso foi o episódio protagonizado por apoiadores do presidente em frente à sede da Rede Globo, em Brasília.

 

Uma carreata com aproximadamente 100 pessoas cercou a emissora pedindo o fim do isolamento social. Os manifestantes chamavam a Globo de genocida e assassina. Longe de mim querer defender o grupo da família Marinho, que tem um longo histórico de desserviços à sociedade brasileira, mas, verdade seja dita, a emissora vem fazendo um papel correto e responsável ao informar a população sobre a emergência que é a Covid-19.

 

Quem promove desinformação é justamente o presidente da República e seus seguidores. A falta de honestidade intelectual da cúpula bolsonarista é tamanha que o ministro da Educação Abraham Weintraub provocou mais um conflito diplomático com a China, o maior parceiro comercial do país e principal fabricante de equipamentos médicos, como máscaras e respiradores, no combate ao coronavírus.

 

O aloprado ministro publicou em suas redes sociais que a pandemia seria algo feito de caso pensado pelos chineses para que o país passasse a assumir o posto de maior potência global, superando os Estados Unidos, que sofrerão efeitos devastadores em sua economia. Pela teoria de Weintraub, o país asiático lucraria com o leilão de insumos hospitalares. Pior, na mensagem publicada, ele utilizou a imagem do personagem Cebolinha, da turma da Mônica, em tom de ironia, com sua tradicional troca da letra R pelo L em todas as palavras

 

A resposta da embaixada chinesa, como não poderia ser diferente, foi de total repúdio ao posicionamento do titular da Pasta, chamando a postagem de fortemente racista e influência negativa em relação ao Brasil. É difícil encontrar algum tipo de conexão com a realidade em determinadas atitudes dessa tropa de choque bolsonarista.

 

O fato é que o presidente se isola na pior crise de saúde mundial, onde seria necessária uma liderança firme para que o país pudesse ter impactos reduzidos. Outro fator que agrava o momento é a inexistência de uma oposição que faça valer os interesses da maioria da população. Alguém aí sabe por onde anda o ex-presidente Lula? O petista sequer assinou o manifesto dos partidos progressistas divulgado na última semana que exigia o afastamento imediato de Bolsonaro da Presidência.

 

Ao que parece, o ex-presidente perseguido pela operação Lava Jato exercia mais influência sobre sua base quando estava preso em Curitiba. A caravana pelo país anunciada na saída da sede da Polícia Federal no Paraná para denunciar o caráter político de sua condenação continua no papel. Qual é o caminho que a esquerda vai seguir em um momento onde se exige dela responsabilidade e atitude para defender o povo brasileiro? O Faixa Livre continuará em sua cobrança diária por um país mais justo e soberano, onde os trabalhadores tenham vez e voz.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

Deixe seu comentário:

Apoie o Faixa Livre:

Apoie o Faixa Livre:

Baixe nosso App

Baixe nosso App

Programas anteriores