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Editorial – 10.05.2022

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O golpismo defendido pelo atual presidente da República e seus apoiadores é algo que vem se configurando antes mesmo da eleição dele, lá em 2018, quando tivemos aquele simbólico tuíte do general Villas Bôas ameaçando o Supremo Tribunal Federal caso colocasse o ex-presidente Lula de volta na disputa pelo Palácio do Planalto.

 

O professor da Universidade de Brasília (UnB) Luís Felipe Miguel se posicionou ontem (09) nas suas redes sociais a respeito dessa unidade entre os militares e o ex-capitão insubordinado, e o papel das forças democráticas diante deste quadro. O professor escreve o seguinte

 

Não sei se o golpe já é o plano A de Bolsonaro – isto é, se ele já se desencantou da ideia de ganhar novamente as eleições. Talvez não, não apenas porque a autoilusão é sempre forte em políticos em campanha (taí o Ciro que não me deixa mentir), mas também porque o arsenal de recursos subterrâneos de que Bolsonaro dispõe é grande.

 

Mas, seja plano A ou B, o fato é que a preparação do golpe está a pleno vapor. O endosso, agora explícito e sem ressalvas, da cúpula do Exército à deslegitimação das eleições é o sinal mais preocupante.

 

Sempre me alinhei àqueles que pensavam que as Forças Armadas, por mais autoritárias e corruptas que sejam, dificilmente embarcariam num golpe de velho tipo. Por três motivos principais:

 

  • São desprovidas de liderança forte, capaz de comandar uma ação desta magnitude. Na verdade, estão divididas em bandos concorrentes, todos interessados em parasitar o Estado brasileiro, envolvidos em disputas territoriais internas.

 

  • Sabem que o cenário internacional mudou e que é difícil manter uma ditadura militar aberta num país como o Brasil.

 

  • Acham mais cômodo ficar onde estão, desfrutando das benesses, mordomias e oportunidades de negócio, com muitas vantagens, pouco desgaste e nenhuma obrigação. Alguém imagina o Centrão dando um golpe para assumir o centro do poder? Pois é.

 

Mas agora está claro que um punhado de generais afoitos está fornecendo endosso institucional às manobras golpistas de Bolsonaro. Até onde estão dispostos a ir? Não sei. Talvez ainda seja o velho jogo de ladrar como ameaça, sem grande vontade de efetivamente morder. Mas sempre pode evoluir para algo mais.

 

E não dá para esperar para ver. É preciso atacar desde já a movimentação golpista e debelar a ameaça.

 

Cabe ao Supremo vencer a lendária pusilanimidade de seu presidente, Luiz Fux, e tomar a iniciativa, identificando e reprimindo os focos de agitação golpista. Usando, em defesa do respeito às eleições, um pouco da bravura que às vezes exibe em favor de sua própria “honra” vilipendiada.

 

Na arena institucional, é ele, Supremo, que tem a maior responsabilidade – embora também seja importante que os governadores estaduais enquadrem suas polícias, que o bolsonarismo tenta mobilizar como linhas auxiliares do golpe.

 

Creio que Lula poderia sinalizar que não terá complacência com os envolvidos na trama golpista. Incluindo políticos civis e também capitalistas que, neste momento, sejam omissos ou coniventes. Parece-me que este é o patamar mais mínimo para a amplitude da frente: não compactuar com o golpe contra seu candidato presidencial…

 

Trata-se sempre de ampliar o custo do envolvimento na trama golpista.

 

Cresce também a importância de lutar pela vitória de Lula já no primeiro turno. A campanha para o segundo turno, com Bolsonaro ferido mas ainda na rinha, seria provavelmente o momento de maior risco.

 

Uma vitória expressiva, já no primeiro turno, de preferência com uma campanha mobilizadora, é o ideal.

 

Todos sabem das críticas que fiz e ainda faço à chapa presidencial e, mais do que simplesmente a ela, à opção pela recomposição da política de não-enfrentamento dos primeiros governos petistas. Mas é claro que derrotar o bolsonarismo é a primeira tarefa.

 

O caminho é ampliar a mobilização e organização do campo popular. Para derrotar o bolsonarismo, para garantir o respeito às urnas, para impedir que o futuro governo democrático se limite à acomodação conservadora em posição recuada”.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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