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Editorial – 11.04.2019

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Hoje o presidente Bolsonaro deverá anunciar a concessão do 13º pagamento para beneficiários do Bolsa Família. Não resta dúvida que é uma medida importante, até porque amplia esse escopo de transferência de renda para a população em risco, justamente por ser uma população miserável, uma população de baixíssima renda. O que chama a atenção evidentemente é que Bolsonaro sempre foi um contumaz crítico do programa Bolsa Família, considerando que era principalmente uma tremenda demagogia, especialmente do governo de Lula.

 

Qual o quê, na verdade esses programas de transferência de renda são medidas que foram concebidas em Washington, dentro do Banco Mundial, justamente quando, no início dos anos 1990, se defendia para todos os países da América Latina a aplicação dos chamados programas de ajuste liberal que sabidamente provocariam uma onda muito maior de desemprego justamente nesses nossos países, submetidos a essa terapia liberal e todas as medidas de arrocho que na verdade dificultam o nosso desenvolvimento.

 

Portanto, os programas de distribuição de renda nunca foram algum tipo de ameaça à estabilidade sistêmica, muito pelo contrário, buscavam atenuar todos os efeitos perversos de ajustes que sabidamente produzem desemprego. Portanto, nesse momento onde Bolsonaro parece descobrir muito mais as virtudes eleitorais de uma medida dessa natureza do que propriamente o alívio à fome, ao esclarecimento de materiais a milhares de famílias, nós aqui queremos registrar que estamos vendo como positiva essa medida, embora no contexto de um governo que mereça mais do que nunca o nosso questionamento, inclusive de natureza legal. Tenho manifestado meu descontentamento com os setores da oposição que não levantaram, não levantam e me parece que não irão levantar jamais o questionamento a respeito de todo o processo político que levou Bolsonaro à Presidência da República.

 

Estamos passando por uma situação de excepcionalidade institucional, uma excepcionalidade institucional que somente é possível com a forte interferência do Poder Judiciário no jogo da política e, pasmem, esse Poder Judiciário constantemente sendo acuado por vozes que partem do alto comando do Exército. É uma situação que mereceria uma diligência muito maior por parte dos dirigentes da oposição, de partidos da oposição e lideranças dos movimentos sociais, mas parece que essa turma aposta no processo eleitoral institucional brasileiro.

 

Uns olham para as próximas eleições para a prefeitura com muito apetite, outros olham para 2022, para a disputa do Palácio do Planalto, e outros, inclusive, confiam que nosso Poder Judiciário poderá vir a libertar Lula. Por isso, acho que estamos caminhando muito mal, em um processo onde o mundo como um todo, de alguma forma, faz uma guinada à direita. Nesta manhã, ficamos sabendo da decisão do governo do Equador, do presidente Lenin Moreno, em suspender o asilo de Julian Assange.

 

Julian Assange é o fundador do Wikileaks, é um homem perseguido pelo governo norte-americano e possivelmente a sua sorte estará sendo selada hoje justamente quando ele não somente teve seu asilo suspenso, mas foi preso dentro da própria embaixada do Equador a pedido do embaixador equatoriano, e Julian Assange acabou sendo levado a uma delegacia de Londres onde aguardará uma decisão da justiça britânica.

 

Possivelmente ele poderá ser extraditado para os Estados Unidos e corre risco de vida. Esse é o mundo que estamos vivendo e é por isso que todas as forças de fato democráticas, nacionalistas, progressistas precisam, especialmente aqui no Brasil, estar de olhos bem abertos para esse retrocesso institucional que a olhos vistos estamos observando.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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