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Editorial – 12.06.2020

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A situação do governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel, que já era ruim, se complicou de vez depois de a Assembleia Legislativa aprovar de maneira simbólica, por unanimidade, a abertura de um processo de impeachment contra ele. Nem mesmo os quatro deputados do seu partido, o PSC, estiveram ao lado do mandatário. O governador alega que orientou os parlamentares a votarem em favor do início do procedimento investigatório.

 

O presidente da Alerj André Ceciliano (PT) destacou que já havia 14 pedidos de afastamento contra Witzel por sua suposta participação nas fraudes em compras para a área da saúde em meio ao estado de emergência provocado pela pandemia do novo coronavírus. As bancadas terão até 48 horas para indicarem representantes que irão compor a Comissão Especial, que, depois de formada, terá mais 48 horas para eleger um relator e um presidente. Antes disso, o governador será notificado para que apresente sua defesa em até dez sessões.

 

Fato é que, sem base no legislativo e absolutamente fragilizado, Witzel terá de fazer uma ampla distribuição de cargos no Executivo estadual caso queira se livrar da cassação. O curioso e simbólico em toda essa história é que o governador, que ascendeu nas eleições de 2018 de maneira meteórica via redes digitais, tem o início da sua queda configurado através de uma sessão virtual do parlamento. Sinais da “nova política” de joelhos aos barões da institucionalidade.

 

Também no Rio de Janeiro, foi preso preventivamente um bombeiro acusado de ocultar as armas usadas nas execuções da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes. O sargento Maxwell Simões Corrêa seria o braço direito do ex-policial Ronnie Lessa, um dos autores do crime, segundo a Polícia Civil. O que surpreende é que o bombeiro foi detido em sua casa localizada em um condomínio de luxo no Recreio dos Bandeirantes, bairro nobre da Zona Oeste do Rio, o que não condiz com os ganhos de um sargento.

 

Ele seria dono de um patrimônio milionário, que inclui carros importados e um apartamento de frente para a praia da Barra da Tijuca. Maxwell alegou que trabalha com compra e venda de carros de luxo, tal qual afirmou Fabrício Queiroz, lembram dele, aquele ex-assessor desaparecido de Flávio Bolsonaro no gabinete da Alerj e acusado de participar do escândalo das rachadinhas. Parece que esse pessoal gosta de comercializar automóveis. Coincidência, não é mesmo?

 

Já em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro segue aprofundando o balcão de negócios com os parlamentares do chamado Centrão. Desta vez, ele recriou o Ministério das Comunicações e o entregou para o deputado Fábio Faria (PSD-RN). Além de representar o baixo clero, o parlamentar é bem visto pelo presidente da Câmara Rodrigo Maia, figura chave na aceitação de um processo de impeachment contra o ex-capitão do Exército.

 

É importante lembrar também que Fábio Faria é casado com Patrícia Abravanel, filha do apresentador, empresário e dono do SBT Sílvio Santos, figura deplorável e alinhadíssima aos ideais bolsonaristas. Em suma, Bolsonaro entrega toda a verba disponível para publicidade do Governo no país para o genro do proprietário de uma emissora de TV que apoia sua gestão com unhas e dentes. É um verdadeiro escândalo.

 

Outro escândalo foi aquela medida provisória editada pelo Bolsonaro que deu ao ministro da Educação Abraham Weintraub o poder de escolher reitores temporários para universidades e institutos federais. A iniciativa é inconstitucional, fere o preceito de independência das instituições na escolha dos reitores, que é feita por professores e alunos através de uma lista tríplice. Diversas entidades se posicionaram contrárias à MP, que deve ser devolvida pelo Congresso ao chefe do Executivo. O país dos absurdos, de um presidente genocida, que relativiza os mais de 40 mil mortos pela Covid-19, segue em sua trajetória rumo a um abismo sem fundo.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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