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Editorial – 12.07.2019

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O Brasil vive desde os anos 1990 uma ditadura financeira sob o comando de bancos e multinacionais e sob o apoio, por mais incrível que isso possa parecer, de praticamente todos os segmentos do chamado empresariado nacional. Nos últimos 30 anos, estamos assistindo assim a um paulatino desmantelamento da estrutura produtiva do país, que havia sido iniciada entre os anos 1930 e 1980.

 

Desde então, temos observado uma acelerada desindustrialização do país, uma desnacionalização do parque produtivo e uma maior vulnerabilidade externa, que se traduz nas seguidas crises internas geradas por instabilidades internacionais de diferentes tipos, conforme observamos em 1997, 1998, no ano 2000, em 2002 e, mais recentemente, as consequências gravíssimas que foram geradas a partir da crise internacional de 2008 e suas repercussões desde o primeiro mandato de Dilma Rousseff.

 

Nesse longo período, vimos o sequestro do Banco Central e da política macroeconômica justamente pelos interesses de bancos e multinacionais. A dívida pública, de instrumento fundamental para o financiamento da expansão econômica do país, transformou-se no mais importante meio de valorização do capital especulativo, tanto nacional quanto de capitais externos. As altas taxas de juros praticadas desde os anos 1990 garantem rentabilidade a esses capitais.

 

Um bom exemplo do que vem acontecendo no país foi revelado essa semana, inclusive pelo insuspeito jornal Valor Econômico. A riqueza pessoal dos brasileiros aumentou 7% no ano passado, muito acima da média global de 2% e alcançou cerca de US$ 2 trilhões. O levantamento foi feito pela Boston Consult Group, é um estudo que se volta para a evolução da chamada riqueza financeira, riqueza investida em ações, títulos da dívida, fundos, moedas e depósitos, bem como recursos decorrentes do pagamento de seguros e pensões.

 

Isso mostra claramente qual é a batida da economia brasileira. A economia brasileira vai se subordinando de forma muito cruel à economia internacional com papel diminuto e, ao mesmo tempo, internamente todas as preparações, todas as medidas de política econômica visam fortalecer justamente esse mecanismo fictício de valorização do capital através da chamada dívida pública.

 

Bem, aí gera-se crises, como estamos assistindo os bodes expiatórios devem ser apontado justamente por aqueles que comandam a economia e essa destruição nacional, e para tanto contam não somente com a posição dos governos, mas também da nossa chamada mídia dominante, e temos essa situação em que se encontra, por exemplo, toda a estrutura, todo arcabouço e toda institucionalidade da chamada seguridade social do Brasil.

 

O ataque que está sendo feito já há anos à seguridade social, uma conquista da constrição de 1988, é uma das coisas mais revoltantes que podem existir, mas há coisas muito mais graves em curso. Ontem, além dos destaques que estão sendo votados na tramitação da contrarreforma da Previdência, a Comissão Especial Mista da chamada Medida Provisória da Liberdade Econômica aprovou o parecer do relator da matéria prevendo mudanças em 36 artigos da CLT.

 

Não basta aquela chamada reforma trabalhista que golpeou a CLT, não basta a liberação geral das terceirizações, não basta a aprovação da Emenda Constitucional nº 95, que estabeleceu praticamente um garrote financeiro em relação às despesas constitucionais obrigatórias do Estado. Muito mais do que isso, esse texto aprovado ontem por essa Comissão Especial Mista lá no Congresso prevê o trabalho aos domingos para todas as categorias, a abertura de pequenas empresas sem a necessidade de alvará.

 

Eu fico aqui pensando, quem muito tem a comemorar com isso são os Queiroz e Adrianos da vida que comandam milícias que cada vez substituem o papel do Estado junto à população mais pobre, seja com os serviços ditos de “segurança”, entre aspas, evidentemente, seja com oferta de serviços básicos à população, como a distribuição de gás. Tudo isso é uma vergonha para o nosso país e essa vergonha se dá justamente com o concurso da mídia dominante e desse empresariado.

 

É por isso que todos nós trabalhadores temos de ter claro o que está em jogo nesse momento. O que está em jogo é a destruição do nosso país, de todos os instrumentos para que possamos construir um Brasil que seja para os brasileiros que trabalham, que seja para os brasileiros que precisam evoluir materialmente e espiritualmente, mas hoje temos poderosos inimigos e precisamos ter claro aqueles que realmente estão ao lado dos trabalhadores e aqueles que simplesmente apostam em um Brasil destruído, reduzido a uma condição colonial.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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