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Editorial – 13.06.2019

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O site The Intercept Brasil voltou a divulgar supostas conversas do Deltan Dallagnol, o procurador chefe da operação Lava Jato, envolvendo outros procuradores e também o Sérgio Moro e com o ex-juiz declarando que frente as informações do Deltan sobre o apoio do ministro Luiz Fux, do Supremo, à força-tarefa da Lava Jato, isso tudo logo depois da decisão de Sérgio Moro em divulgar de forma ilegal as conversas envolvendo o ex-presidente Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff, mas o ex-juiz sabendo do apoio de Fux, teria escrito: ‘In Fux, we trust’, em inglês significa ‘em Fux, nós confiamos’, o que mostra a relação absolutamente parceira, muito bem articulada entre o juiz, o procurador e o ministro do Supremo.

 

O curioso é que em meio a essas gravíssimas revelações que vêm sendo feitas pelo Intercepte Brasil, parece que a orientação da mídia dominante é focar justamente na suposta ilegalidade dessa descoberta. O procurador Dallagnol, o próprio Sérgio Moro, preferiram desde o primeiro momento não contestar o conteúdo dessas denúncias e simplesmente atacar a própria denúncia afirmando que foram ataques criminosos feitos por hackers nos seus celulares, e é curioso que é exatamente essa linha que predomina na abordagem da mídia dominante.

 

O jornal O Globo hoje prefere estampar a notícia sobre essa matéria com a informação de que ataques de hackers foram muito mais amplos, diz o jornal: ‘Polícia Federal e Ministério Público Federal já reuniram indícios de que os ataques de hackers que expuseram diálogos do ministro Sérgio Moro tiveram amplo alcance e foram muito bem planejados’. Certamente, a grande questão que se coloca é o que os poderes constituídos farão frente ao conhecimento dessas gravíssimas conversas envolvendo o ex-juiz, os procuradores e agora o ministro do Supremo Luiz Fux.

 

A Folha de S. Paulo também vai pelo mesmo caminho e diz que a Polícia Federal identifica invasão somente em celular do Deltan. Quem procurou curiosamente abordar a situação pelo lado substantivo foi o jornal Valor Econômico, que é justamente um jornal voltado para o mundo dos negócios e principalmente para altos executivos. O jornal Valor Econômico destaca a frase em inglês do Sérgio Moro ‘in Fux, we trust’, é como a principal chamada da matéria que trata na sua capa desse assunto.

 

A matéria é assinada pela jornalista Luiza Martins e diz que a frase acima do ex-juiz Sérgio Moro aparece em nova divulgação de supostas conversas privadas entre ele e o procurador Deltan. O procurador diz ter conversado com Luiz Fux, do Supremo, e que o mesmo teria se disponibilizado a ajudar a força-tarefa da Lava Jato no que fosse preciso. Excelente, ‘in Fux, we trust’, ‘nós confiamos em Fux’, afirmou Sérgio Moro. A troca de mensagens teria ocorrido em 22 de abril de 2016, cinco dias após a Câmara aprovar admissibilidade do processo de impeachment da Dilma Rousseff e foi divulgada por um repórter do site The Intercept Brasil.

 

Essa segunda divulgação da The Intercept Brasil mostra muito bem aquilo que o próprio Glenn Greenwald nos declarou aqui em entrevista exclusiva ao Faixa Livre. O acervo que eles dispõem com gravações, áudios e vídeos, inclusive, é um acervo importantíssimo, variado, muito profundo em suas denúncias e que supera, pela sua amplitude, as divulgações feitas pelo Wikileaks através do Edward Snowden, aquele ex-agente americano que acabou prestando um serviço essencial à opinião pública mundial com a divulgação de documentos secretos da espionagem norte-americana e que mostravam as trampolinagens dos Estados Unidos nessa área de espionagem, inclusive em relação a outros chefes de Estado envolvendo Ângela Merkel e até mesmo ex-presidente Dilma Rousseff.

 

Estas deveriam ser as questões principais a serem debatidas nesse momento onde, tudo indica, existe uma operação muito semelhante àquela que anos atrás abafou aquele grampo do BNDES e revelou as armações criminosas do presidente do banco à época, o senhor André Lara Resende, junto com o ministro das Comunicações do Fernando Henrique, o Luiz Carlos Mendonça de Barros, que tramavam abertamente o favorecimento do grupo Opportunity, de Daniel Dantas, no criminoso processo de privatização do parque de telecomunicações aqui no Brasil, envolvendo a privatização da Embratel, da Telesp e de todas as companhias de telefonia, antes nas mãos do Estado.

 

Isso foi nos anos 1990, naquela época também, apesar da gravidade de todas essas armações de autoridades da República, o que foi destacado foi justamente a ação criminosa que divulgava os crimes. Então mais uma vez parece que a armação toda está sendo feita em torno desta questão. O problema é que parece que o Intercept Brasil vai a conta-gotas liberando o material muito explosivo.

 

Eu quero saber até onde a desfaçatez, a hipocrisia das instâncias superiores da justiça continuarão a dar cobertura a essa verdadeira armação judiciária que não tem como objetivo a denúncia procurar desmerecer como um todo a operação Lava Jato. Nós nunca nos opusemos às investigações que vieram a revelar um esquema de corrupção muito forte especialmente em relação à Petrobras. É corretíssima a ação do Estado e da justiça buscando, inclusive, reaver os valores que foram desviados da maior empresa brasileira.

 

Outra coisa em meio a esse processo é toda armação que foi feita, e isso vai ficando cada vez mais claro, para se buscar a qualquer custo uma condenação ao ex-presidente Lula que procurasse inviabilizar a sua candidatura à Presidência da República, ou seja, é a instrumentalização de todo o processo investigatório contra corrupção no Brasil, mas com objetivo político partidário claro. Essa é uma questão que nós não podemos admitir, independentemente do julgamento que possamos fazer do político Luiz Inácio Lula da Silva.

 

Nós não podemos admitir que setores do Poder Judiciário sejam escancaradamente utilizados, inclusive com a cobertura de ministros do Supremo Tribunal Federal, para crimes políticos que visam inviabilizar a liberdade de manifestação, a liberdade política e o direito a uma candidatura que nos parecia absolutamente legítima, até porque, tudo indicava, absolutamente respaldada pela vontade popular.

 

Lula no ano passado era apontado por todos os institutos de pesquisa como o franco favorito à disputa presidencial e foram justamente as consequências de um processo absolutamente questionável, com uma tramitação em tempo recorde que acabou inviabilizando a sua candidatura. É esse tipo de procedimento por parte de membros do Poder Judiciário, do Ministério Público que nós não podemos admitir. Isso é simplesmente crime, afetando inclusive a vontade popular.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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