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Editorial – 14.01.2021

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A atuação irresponsável do Governo Federal em relação à Covid-19, algo que nós denunciamos quase que diariamente aqui no Faixa Livre, tem provocado uma série de manifestações. A imunização no mundo foi iniciada há mais de um mês, e nós, que somos o segundo país com maior número de óbitos pela doença, seguimos aguardando uma postura incisiva da gestão Bolsonaro na intenção de liderar esse processo. A administração acéfala do Ministério da Saúde, sob comando de um general, o senhor Eduardo Pazuello, disse que as doses das vacinas começarão a ser aplicadas ‘no dia D e na hora H’.

 

Eu gostaria de ler para vocês o desabafo da jornalista Teresa Garcia, expresso em forma de uma carta endereçada ao titular da Pasta da Saúde. Diz o texto:

 

Caro senhor ministro da saúde,

 

O senhor tem razão. Não temos pressa em nos vacinar. Pra que tanta angústia, pra que tanta agonia? Afinal morrem em média mil pessoas por dia de Covid no Brasil. Numa população tão grande o senhor deve pensar que é pouca gente, certo? Talvez alguém se lembre de um caso específico, do imenso amor de alguém, do pai e da mãe que eram o eixo da família, do filho que tecia o futuro, mas quem se importa? Acho curioso quando o senhor e seus seguidores exaltam o número de brasileiros curados da Covid. Deve dar em vocês uma sensação boa, como se a cura de uns pudesse abafar, abortar, sufocar e exterminar o flagelo das mortes desgovernadas.

 

Senhor ministro, não temos pressa também em nos protegermos. Acordamos todos os dias bem dispostos e nos alegra escolher uma máscara que combine com nossa roupa colorida. Covid é fashion né? E vamos pra rua despreocupados. Se nos contaminarmos contaremos com a sorte. O senhor já teve Covid, foi tranquilo né?

 

É bem verdade que se o senhor tivesse exercido o cargo para o qual não está à altura, já estaríamos sendo vacinados. Não sei se o senhor sabe, mas o Brasil é um dos poucos países do mundo com capilaridade para vacinar milhares de pessoas num único dia. Poderíamos ser o exemplo do planeta. Nos tornamos o pária.

 

É certo, senhor ministro, que tudo isso dá trabalho. Exige o uso de uma palavrinha que começa com P: planejamento. Exige a capacidade de enxergar meses à frente, de liderança, de encomendar agulhas e seringas, de se articular com governadores, de tomar iniciativas, de abdicar da arrogância do cargo e de tomar decisões estratégicas.

 

Mas pra que pressa? Pra que essa comoção desmedida com 200 mil mortes, com essa posição desconfortável do Brasil ser o segundo país com o maior número vidas perdidas? E essa mídia exagerada que nos informa sobre médicos exaustos e covas coletivas abertas para despejar corpos sem despedidas!!!!

 

Senhor ministro, não precisa acelerar o plano nacional de vacinação. O senhor explicou direitinho. Ele será no dia D, na hora H. Só fico aqui pensando: se o D é de desonra, desprezo, descaso, desconsideração ou desvario?

 

E se o H é de humilhação extrema a que o senhor nos submete todos os dias! Mas não temos pressa, senhor ministro.

 

Aliás, enquanto apequenado aguardamos, escolho a letra A pro senhor: A de amesquinhado, A de abjeto.

 

Ministro Pazuello, o senhor e seu presidente não passam da primeira letra do alfabeto”.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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