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Editorial – 15.10.2019

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A Polícia Federal deflagrou nesta manhã uma operação contra a direção do PSL, partido atual de Jair Messias Bolsonaro, que ocupa a Presidência da República. A operação visa principalmente criar constrangimentos, ao que tudo indica, para Luciano Bivar, o presidente da sigla. Ele e outros dirigentes estão sendo alvos dessa operação da Polícia Federal que se dá em meio ao conflito estabelecido entre a família Bolsonaro e a direção do PSL justamente por conta dos milionários recursos que hoje contemplam o partido e em um momento em que a direção do PSL,. de acordo inclusive com o jornal O Globo, deve provocar uma nova escalada em sua crise interna no dia de hoje ao expulsar a deputada Carla Zambelli e outros três parlamentares alinhados ao presidente Jair Bolsonaro.

 

O comando do partido vai se reunir em Brasília sob a tensão gerada pelas críticas do grupo bolsonarista e pelas cobranças por auditoria nas contas do partido justamente nesse momento em que a Polícia Federal curiosamente deflagra essa operação. Evidente que tudo indica que essa ação foi inspirada nesse conflito interno do PSL. Os advogados de Luciano Bivar já se manifestaram apontando que não há nenhum sentido nesse tipo de ação.

 

Agora, sob o ponto de vista político, o impacto será tremendo e isso é mais uma prova que está sendo colocada pelas ações do próprio governo da utilização da estrutura do governo em prol dos objetivos diretos de Bolsonaro e seus aliados, essa é a grande questão. Já tivemos todas essas movimentações, podemos dizer, inclusive, do próprio Bolsonaro para proteger o seu filho. O Flávio Bolsonaro está envolvido naquele escândalo que foi descoberto na Assembleia Legislativa, onde, na verdade, um conjunto de deputados foram arrolados sob acusação da utilização da chamada machadinha.

 

Rachadinha é a apropriação de recursos de assessores ou pseudo-assessores que acabam contemplando os parlamentares. É uma investigação que envolve, repito, vários gabinetes, mas, no caso do Flávio Bolsonaro, essa situação se reveste de uma gravidade maior na medida em que o acusado por parte das investigações dentro do gabinete de Flávio Bolsonaro é o senhor Queiroz. Quem é o senhor Queiroz? É um motorista faz-tudo da família Bolsonaro e um homem intimamente ligado às milícias que são suspeitas de promoverem um verdadeiro achaque contra os moradores de Rio das Pedras e uma milícia também que é suspeita, alguns integrantes, de serem os executores do assassinato de Marielle Franco.

 

Hoje há uma decisão judicial que impede que essas investigações possam ir à frente, as investigações voltadas não em relação ao caso Marielle, mas voltadas em relação a essa utilização de recursos de assessores por parte de Flávio Bolsonaro, inclusive com apoio do Antônio Dias Toffoli, presidente do Supremo, que concedeu uma medida protetiva aos interesses do Flávio Bolsonaro. Além do que temos um conjunto de irregularidades que cercam a própria família de Bolsonaro, irregularidades que apontam para essas promíscuas relações com integrantes de milícias e de um tal ‘escritório do crime’ aqui no Rio de Janeiro.

 

Portanto são questões muito graves. Eu lembro que houve toda uma manifestação e mobilizações da opinião pública contra a dita corrupção no governo do PT. Ora, quando a gente observa a situação que temos hoje, observamos como esse tipo de sensibilidade popular é relativa, inclusive aos interesses que estão colocados. Naquele momento me parece que crescia essa onda anti-PT e foi muito funcional, por exemplo, a promoção, por mais paradoxal que seja, de manifestações contra a corrupção com base em patos vestidos com camisa da CBF.

 

Ora, a CBF é um dos símbolos maiores talvez de uma entidade envolvida em muitas suspeitas de corrupção. Além do que, usar essa camisa em cima de corpos que a rigor se assemelham a patos me leva a crer que a turma estava inteiramente equivocada, e quando observamos que essa onda anticorrupção, de alguma maneira, vai se arrefecendo em meio a esses inúmeros escândalos do governo Bolsonaro, a gente percebe como as pessoas, a opinião pública, ainda mais em um país como o Brasil, esse grupo é fácil de ser manipulado principalmente quando temos essa situação dos meios de comunicação absolutamente controlados pelos mesmos interesses que vêm embalando determinadas decisões do governo Bolsonaro.

 

Esse é o Brasil atual, um Brasil que precisa, na verdade, ser reconstruído. Estamos vivendo uma verdadeira tempestade em todas as dimensões.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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