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Editorial – 16.06.2020

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A despeito da situação grave que o país atravessa, ontem tivemos a prisão daquela ativista Sara Winter, uma das lideranças do grupo 300 do Brasil, de apoio a Jair Bolsonaro, que teve seu acampamento desmontado da Praça dos Três Poderes no sábado e, em represália, atirou fogos de artifício em direção ao Supremo Tribunal Federal, eu gostaria de ler uma importante carta escrita por um grupo de personalidades, políticos e acadêmicos que se autointitula ‘Observatório carioca da pandemia’, onde eles apontam as iniciativas que as diferentes esferas governamentais devem implementar para se conter os efeitos econômicos e sociais causados pela pandemia de coronavíruus. O título do manifesto é “Carta da cidade do Rio de Janeiro em defesa da vida”:

 

A nossa cidade passa por um dos piores períodos de sua história. Por um lado, uma grave crise sanitária e social provocada pela pandemia do novo coronavírus, por outro, uma crise política e econômica, oriunda dos governos Crivella, Witzel e Bolsonaro.

 

A pandemia tornou visíveis as mazelas históricas do Rio. Durante décadas, foram implementadas políticas urbanísticas fundamentadas no pensamento higienista e na especulação imobiliária, com a remoção dos mais pobres para regiões sem infraestrutura e sem potencial de desenvolvimento econômico.

 

Hoje, o município concentra mais de 700 favelas com uma população de quase 1,5 milhão de pessoas, segundo o último censo do IBGE. O vírus avança nestas localidades como resultado da interação entre a falta de saneamento básico, o desemprego e a ausência de políticas públicas efetivas. O modelo de governança implantado pelo atual prefeito, com deficiências nos sistemas de proteção social e na saúde, contribui para o recrudescimento do número de casos e de mortes.

 

Chegamos ao início de junho com uma curva ascendente da covid-19. No total, a pandemia tirou a vida de quase 4.5 mil pessoas da cidade, onde já são registrados 36.115 casos confirmados, de acordo com os dados oficiais de oito de junho. Temos a mais alta taxa de letalidade do país, de 12,35%. Os estudos de especialistas apontam que os bairros da periferia são as maiores vítimas. Quem mais morre no Rio pela covid- 19 são os mais pobres, na sua maioria homens e mulheres negras.

 

Nesse quadro, que impõe medidas mais contundentes de proteção da população, apontadas por diversas instituições científicas, o prefeito Marcelo Crivella adota um caminho contrário e imprudente ao liberar diversas atividades, após implantar mudanças na metodologia da contagem dos óbitos.

 

O estudo realizado por cientistas, publicado em junho na revista Nature, aponta que as medidas tomadas de distanciamento e isolamento social em 11 países evitaram mais de 3 milhões de mortes na Europa. Os pesquisadores do Imperial College, das Universidades de Oxford e Sussex, da Inglaterra, e da Universidade Brown, do EUA, objetivaram medir a eficácia dessas intervenções para apontar sua utilização em ações no futuro, visto que geram impactos econômicos e sociais.

 

A reabertura da cidade do Rio com os índices de contágio ainda muito altos coloca toda a sociedade em risco, tanto pela agressividade e complicações em decorrência do vírus, como pelo colapso do sistema de saúde, que não terá como atender ao aumento exponencial da corrida a hospitais, clínicas e postos de saúde.

 

Vivemos um momento de incertezas e de transformações de enormes dimensões, extremamente complexo, de contradições e conflitos de vários matizes. Mas também um momento em que se forjam novas possibilidades. Com determinação e resistência democrática, é preciso inventar novos caminhos, diante do caos de governança instalado em nossa cidade.

 

Nós, moradores do município do Rio de Janeiro, entendemos que o grande desafio é a luta pela superação das desigualdades e o atendimento à população com dignidade com o fortalecimento do SUS e do Sistema de Saúde Municipal.

 

Uma formação de consciências que coloque a vida na centralidade das decisões do Executivo da cidade.

 

Afirmamos a necessidade de elaboração de um programa democrático-popular para o combate ao coronavírus e para retomada econômica, social e cultural da cidade no pós-pandemia. Este programa deve ser fruto de uma ampla articulação suprapartidária dos movimentos sociais, sindicais, da academia e de lideranças populares com base em um novo pacto social, que preserve a vida e considere a retomada do meio produtivo como motor para mitigar os graves problemas sociais.

 

A fim de evitar um colapso no sistema de saúde e evitar o aumento vertiginoso do número de mortes, defendemos de imediato:

 

– Ampliar os investimentos e agilizar os repasses da prefeitura para o sistema de saúde no combate à pandemia, bem como dar prioridade à execução orçamentária para a proteção social das populações vulneráveis;

– Implementar um planejamento de saída da crise, com base em critérios científicos, com a adoção de medidas mais rígidas de isolamento e distanciamento social;

– Adotar medidas massivas de testagem da população;

– Implementar um programa de renda básica promulgado em lei pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro;

– Implantar um plano emergencial de combate a covid-19 nas favelas e territórios periféricos;

– Dar total transparência às informações sobre os casos de contaminação e óbitos com disponibilização integral dos dados pelo Instituto Pereira Passos e dos relatórios do gabinete de crise do comitê científico”.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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