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Editorial – 16.10.2019

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A coisa parece que está pegando fogo lá no arraial do PSL, o partido do presidente da República. Ontem, depois da busca da Polícia Federal em endereços ligados ao Luciano Bivar, que é o presidente da sigla, o conflito entre os bolsonaristas se ampliou. Chegou ao ponto de o líder do partido na Câmara orientar uma obstrução da votação de uma Medida Provisória de interesse do governo, além de ter excluído da Comissão Especial que analisa a reforma da Previdência dos militares aliados diretos de Jair Bolsonaro.

 

A briga dessa turma é por grana, a verdade é essa. O PSL, um partido nanico, acabou abrigando essa candidatura do Jair Bolsonaro que, por razões que precisariam ser investigadas pelo Tribunal Superior Eleitoral, acabou tendo uma retumbante vitória em cima de um conjunto de iniciativas que passaram ao largo do crivo do Tribunal Superior Eleitoral. Me refiro claramente às informações já disponíveis a respeito da utilização de recursos de caixa dois de empresas brasileiras para o pagamento de empresas estrangeiras que acabaram por difundir uma massa expressiva de fake news em plena campanha eleitoral.

 

Na semana passada, inclusive, a própria direção do WhatsApp no Brasil admitiu claramente o disparo dessas mensagem falsas. O Tribunal Superior Eleitoral, que através do seu ex-presidente Luiz Fux prometeu mundos e fundos contra as chamadas fake news no processo eleitoral, parece que não percebeu nada a respeito do que aconteceu, e agora, com essa vitória surpreendente do PSL e do próprio Jair Bolsonaro, o partido teve um crescimento exponencial na sua bancada e é contemplado não somente com recursos do chamado fundo eleitoral, mas principalmente com os recursos do fundo partidário.

 

O PSL se transformou em uma sigla milionária e essa turma, que na verdade a grande maioria não é sequer da política, são oportunistas que olham apenas o seu interesse pessoal, frente a essa montanha de dinheiro, você já viram. Eles estão em uma guerra aberta, tudo por conta de grana. Enquanto isso, o Banco Central curiosamente ontem admitiu uma questão que a gente vem trabalhando aqui há algum tempo que são os equívocos da política monetária.

 

Cerca de R$ 15 bilhões dos quase R$ 20 bilhões em depósitos compulsórios que foram liberados pelo Banco Central para os bancos em julho desse ano acabaram dentro do próprio sistema financeiro e absorvidos pelo Banco Central, através daquelas chamadas operações compromissadas. Essas operações compromissadas têm sido objeto de intensa denúncia principalmente pela turma da campanha Auditoria Cidadã da Dívida porque são operações altamente lesivas ao interesse público, às nossas contas públicas e que beneficiam os bancos.

 

Essas operações compromissadas são uma remuneração que o Banco Central oferece à sobra de caixa dos bancos diariamente. De que modo isso é feito? Através da operação onde o Banco Central remunera essa sobra de caixa através da venda de títulos com cláusula de recompra. Então cria-se um mecanismo onde esse dinheiro pode ser valorizado da noite para o dia através justamente desse mecanismo. Com essa liberação dos R$ 20 bilhões, havia uma expectativa do próprio Banco Central, pelo menos isso foi declarado, que esses recursos poderiam incrementar o mercado de crédito, ser ofertados pelos bancos para as empresas e famílias.

 

Ocorre que os especialistas dizem que as próprias famílias e as empresas acabaram não recorrendo a esse dinheiro simplesmente porque tanto as famílias, quanto as empresas já se encontram profundamente endividadas. O grau de endividamento impede a contratação, na prática, de novas operações de crédito e as empresas e as famílias entram em um processo defensivo e esses recursos acabaram sendo remunerados pelas operações compromissadas do Banco Central.

 

É lógico que o problema de fundo é essa característica da política monetária que permite uma jogada tão favorável aos bancos como são essas operações compromissadas, e a questão conjuntural, que precisa ser enfrentada, é esse endividamento absurdo tanto das famílias, quanto das empresas.

 

Por isso, são problemas graves que precisariam ser enfrentados, mas evidentemente com o país submetido a uma direção onde a grande preocupação dos integrantes do partido do presidente da República é ficar brigando por recursos do fundo partidário, do fundo eleitoral, está todo mundo de olho no pleito municipal do ano que vem, evidentemente o país, podemos dizer, encontra-se absolutamente despreparado para enfrentar os seus problemas estruturais e conjunturais mais graves.

 

A rigor, estamos em um processo de tentativa de divisão do butim. Aliás, a votação ontem no Senado ratificando todo esse acordo que foi feito entre o governo, governadores e os próprios partidos de oposição mostra muito bem isso, e a era do butim. O Senado aprovou a distribuição do dinheiro do leilão a ser realizado das áreas do pré-sal, daquela chamada cessão onerosa, e aparentemente ficou todo mundo muito satisfeito com esses recursos. O governo espera arrecadar R$ 106,5 bilhões com o leilão marcado para o próximo dia 6 de novembro, e, dessa grana, R$ 10,9 bilhões vão para os estados e o mesmo valor para os municípios. E tem governador ainda comemorando, ou seja, a miopia é ampla, geral e irrestrita.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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