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Editorial – 17.01.2020

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Na verdade, farei um breve comentário e a leitura de um artigo de jornal. O comentário diz respeito a esse dado da Confederação Nacional do Comércio, que indica que o percentual de famílias endividadas atingiu um recorde agora em dezembro, e o percentual de famílias inadimplentes também, chegou a 24,5% em dezembro, mesmo com os recursos liberados pelos saques do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, ou seja, mais um indicador real de que as coisas não vão bem, de acordo, inclusive, e contrariando aquilo que a mídia dominante divulgou nos últimos meses do ano.

 

Na verdade, a realidade é muito distante desse otimismo que é destilado principalmente pelas editorias de economia de jornais e telejornais. A produção industrial, o fracasso da tal Black Friday e mesmo as vendas de Natal que frustraram mostram muito bem que a situação econômica é péssima, e quem é trabalhador, evidentemente, sabe disso.

 

A leitura que farei será do jornalista Bernardo Mello Franco, do seu artigo de hoje do jornal O Globo, que justamente aborda uma das nossas manchetes, essa história a respeito dos ataques a jornalistas e os veículos de comunicação que no ano passado cresceram 54% em relação ao ano de 2018. Foi de 135 casos para 208, e a maior parte desses casos infelizmente partiram do senhor presidente da República. Bernardo Mello Franco escreve o seguinte:

 

“Não é só a lembrança do DOI-Codi que faz Jair Bolsonaro sentir saudades da ditadura. O presidente sonha com a volta do tempo em que o governo podia amordaçar a imprensa. Na impossibilidade de mandar censores às redações, ele ataca jornalistas que, por dever de ofício, são obrigados a ouvir suas grosserias diárias.

 

Ontem o capitão esbravejou em três turnos. De manhã, na porta do Alvorada, mandou uma repórter “calar a boca”. À tarde, no Planalto, afirmou aos gritos que os jornalistas não têm “vergonha na cara”. À noite, no Facebook, disse que a imprensa “estraga o país”.

 

A razão da ira foi a notícia de que o chefe da Secretaria de Comunicação mantém negócios com empresas que recebem verbas do governo. Fábio Wajngarten se formou em direito, mas incorreu num caso clássico de conflito de interesses. Ele aprova repasses de dinheiro público para emissoras que contratam sua firma particular.

 

A notícia não saiu nos blogs bolsonaristas. Foi revelada pela “Folha de S.Paulo”, que o presidente já chamou de “panfleto ordinário” e usina de “fake news”.

 

De acordo com levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas, Bolsonaro atacou a imprensa 121 vezes no primeiro ano de governo. Isso equivale, em média, a uma afronta a cada três dias.

 

Além de ofender jornalistas, ele usa o cargo para tentar sufocar empresas de comunicação que o criticam. Em agosto, editou uma medida provisória com o objetivo declarado de reduzir receitas do “Valor Econômico”. Em novembro, excluiu a “Folha” de uma licitação.

 

Na semana passada, o presidente disse que os jornalistas são uma “espécie em extinção”. Todo político autoritário deseja viver num mundo chapa-branca, sem perguntas incômodas e sem manchetes críticas ao poder. Na democracia, este sonho é irrealizável”, conclui Bernardo Mello Franco.

 

Apenas um adendo: nós consideramos evidentemente que a liberdade de imprensa deve ser respeitada, mas não podemos deixar também de observar o comportamento dos veículos de comunicação, especialmente quando diz respeito à cobertura da chamada agenda econômica do país. Esse ano, por exemplo, nós assistimos a um verdadeiro escândalo promovido justamente pelos meios de comunicação e diz respeito à cobertura a respeito das mudanças nas regras previdenciárias.

 

Claramente houve um alinhamento dessa mesma imprensa, que reclama, com toda razão, de Bolsonaro com o próprio Bolsonaro e seus interesses mesquinhos de destruir a Previdência Social pública. Nós gostaríamos também que a Federação Nacional dos Jornalistas se debruçasse sobre esse tipo de deformação, até porque a própria profissão dos jornalistas vem sendo cada vez mais afetada por um controle econômico de pouquíssimos grupos que, na verdade, controlam a mídia dominante no país e, com isso, restringem ainda mais o exercício da profissão de jornalistas.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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