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Editorial – 18.02.2021

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Estamos de volta depois desse recesso de carnaval, e parece que a situação no nosso país só piorou durante a folia que não aconteceu para a maioria absoluta dos brasileiros. Primeiro após aquela confissão do general Villas Bôas, ex-comandante do Exército, a respeito da intimidação produzida pela cúpula das Forças Armadas ao Supremo Tribunal Federal no julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula, às vésperas das eleições de 2018.

 

Depois pela prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes, após ele ter divulgado vídeo nas redes sociais proferindo graves ameaças aos magistrados da Suprema Corte e incitando seus apoiadores a atentarem contra a ordem democrática. E esses dois episódios estão intimamente conectados. O professor Luiz Carlos de Oliveira e Silva fez uma análise a respeito deles, a qual eu faço a leitura agora para vocês. O título do texto é “A estratégia de Daniel Silveira”:

 

Cabe lembrar, desde já, que a deixa para a ação espalhafatosa do deputado Daniel Silveira foi a publicação do livro de memórias do general Villas Bôas, no qual o militar revelou que o tuíte de intimidação que ele dirigiu ao STF contou com o apoio do Alto Comando das FFAA.

 

Dessa forma, o deputado quer associar o sentido da sua ação com o projeto político expresso por Villas Bôas. O sentido político dessa associação fica bem claro no vídeo que Daniel Silveira publicou logo depois da chegada da PF em sua casa, para o cumprimento da prisão determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.

 

O deputado bolsonarista bem sabe que, qualquer que seja a decisão da Câmara, referendando ou não a sua prisão, a divisão política só aumentará. No vídeo a que faço menção, Daniel Silveira diz que a questão agora é a luta aberta dos que pensam como ele contra os que defendem Alexandre de Moraes.

 

Ao personalizar dessa maneira todo esse imbróglio, fica claro que a performance histérica do bolsonarista faz parte de uma estratégia política muito bem pensada. Ela objetiva acirrar os ânimos com vistas a dar combustível para uma crise institucional sem precedentes em nossa história recente.

 

Essa é a aposta de um dos setores que compõem o bolsonarismo. Como não há no horizonte quem possa ou queira fazer o papel de “algodão entre cristais”, para a resolução de uma crise institucional grave, a extrema-direita conta, dentre outras coisas, com a força das armas que o “liberou quase geral”, ora em curso, colocou nas mãos dos “homens de bem”.

 

Sem falar das milícias – fardadas ou não – que estão querendo ver sangue faz tempo. Sabemos todos que as Polícias Militares são a mais importante base de apoio ao bolsonarismo, com um contingente maior e mais bem armado que as próprias FFAA. E mais ideologicamente fanatizadas… (Silveira faz parte dos quadros da PM do Rio de Janeiro).

 

A votação na Câmara dos Deputados sobre a prisão “em flagrante” do deputado aloprado, e seus desdobramentos, darão bem a medida dos potenciais políticos, no curto e no médio prazos, da estratégia de Daniel Silveira.

 

Acredito também que o deputado tenha um interesse, digamos, privado em sua provocação aparentemente tão despropositada e inconsequente: ele é alvo dos inquéritos abertos pelo STF que investigam “fake news” e incitação ao fechamento daquela instituição e do Congresso.

 

Caso venha a ser condenado, o deputado já tem pronta a narrativa para manter a sua base coesa, excitada e operante: perseguição política.

 

Daniel Silveira foi inteligente ao seu modo ao querer associar o seu destino pessoal com a estratégia política que Villas Bôas deixou entrever em seu livro. O deputado está comprando na baixa para vender na alta…”.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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