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Editorial – 18.03.2021

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A descrença do brasileiro com a gestão de Jair Bolsonaro na pandemia tem crescido nos últimos tempos, conforme mostrou uma pesquisa divulgada ontem pelo Datafolha e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo. De acordo com ela, 54% dos entrevistados consideram a atuação do governo durante a crise de Covid-19 ruim ou péssima, índice 6% superior ao apresentado em janeiro, quando 48% das pessoas desaprovavam o ex-capitão.

 

Já entre aqueles que consideram bom ou ótimo o desempenho do Executivo federal, o número passou de 26% para 22% agora em março, ou seja, o nosso povo sabe bem quem é o responsável pelas quase 300 mil mortes pela pandemia no Brasil. Aliás, nós já somos o país com o maior número de óbitos diários pela doença, quase duas mil pessoas perdendo a vida a cada 24 horas. É uma tragédia continuada e que parece não ter solução, já que o presidente nomeou para o Ministério da Saúde alguém que vai seguir à risca a retórica genocida do Palácio do Planalto, em continuidade ao adotado pelo general Eduardo Pazuello.

 

E é justamente a respeito dessa troca no comando da saúde no país, com a chegada do cardiologista Marcelo Queiroga, que eu quero fazer a leitura do artigo escrito pelo jornalista Bernardo Mello Franco ontem (17) para o jornal O Globo. O texto tem o título “Continuidade é morte”:

 

Na reta final do governo, José Sarney entregou o comando do antigo Inamps ao médico que atendia sua família. Ao se apresentar aos colegas, o escolhido arriscou um gracejo: “Sou um dos poucos brasileiros que já viram o presidente nu”. Na lógica do patrimonialismo, estava justificada a nomeação.

 

Jair Bolsonaro convidou Marcelo Queiroga a assumir o Ministério da Saúde. Qualquer médico seria melhor que o general Eduardo Pazuello, mas o indicado não tem qualquer experiência em gestão pública. Suas credenciais são outras: ele pediu votos para o capitão e é íntimo de Flávio, o primeiro-filho.

 

Queiroga deu as caras no dia em que o Brasil registrou novo recorde de mortes na pandemia: 2.798. Na primeira declaração pública, ele prometeu “continuidade”. “A política é do governo Bolsonaro. O ministro da Saúde executa a política do governo”, disse.

 

A gestão de Pazuello foi um desastre político e humanitário. Suas primeiras ações foram militarizar a pasta e maquiar números oficiais para esconder cadáveres. Ele se dizia especialista em logística, mas deixou faltar testes, medicamentos e até oxigênio nos hospitais.

 

O paraquedista admitiu que, ao ser nomeado, “não sabia nem o que era o SUS”. Não sabia, não quis saber e esnobou quem tentou aconselhá-lo. Em outro surto de sinceridade, ele reconheceu que só estava no cargo para cumprir ordens de Bolsonaro. “Um manda, o outro obedece”, explicou.

 

Quando Pazuello assumiu, o Brasil contava 14 mil mortos pela Covid. Ontem ultrapassou os 282 mil. O vírus está fora de controle, a vacinação se arrasta a conta-gotas, e o presidente insiste em sabotar as políticas de distanciamento social.

 

Queiroga será o quarto ministro da Saúde em um ano de pandemia. Henrique Mandetta e Nelson Teich saíram para não rasgar o diploma de médico. Pazuello fez o que fez, e a cardiologista Ludhmila Hajjar recusou o posto ao ver que não teria autonomia para trabalhar.

 

O amigo do Zero Um pode admirar o capitão, mas precisa mostrar que não será mais um pau-mandado. No cargo que ele vai ocupar, apostar na continuidade é selar um pacto com a morte”.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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