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Editorial – 20.02.2020

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A situação política brasileira vai se agravando a olhos vistos, não percebe que não quer. Ontem mesmo a temperatura se elevou na relação entre o governo Bolsonaro e o Congresso, tudo por conta de um áudio vazado com direito a crítica e xingamento do general Augusto Heleno aos parlamentares. Para Augusto Heleno, o governo Bolsonaro estaria sendo chantageado pelos parlamentares, tudo por conta da questão relativa ao chamado Orçamento impositivo, uma maior prerrogativa dos parlamentares com relação ao orçamento público, mas a coisa se manifesta de maneira mais grave ainda nessa greve que a PM do Ceará realiza.

 

Greve de forças policiais já é, em si, algo muito delicado, nós já tivemos situações como. por exemplo, no Espírito Santo, pouco tempo atrás, onde houve também uma verdadeira rebelião, um motim dos policiais militares, foi necessário a intervenção por Força Nacional de Segurança. Agora no Ceará, algo semelhante ocorre, isso em um momento onde, temos chamado atenção, esse governo Bolsonaro é completamente irregular, a começar pela forma que foi eleito.

 

Aliás, aqui cabe um parêntese. Em toda essa história em que o Bolsonaro partiu para cima da jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, inclusive com palavras absolutamente abjetas próprias de um cafajeste, ele e os aliados de seu governo procuram claramente desviar a atenção do que é relevante em todo esse caso, que são as fake news, a forma como essas fake news foram difundidas durante a campanha eleitoral, quando essa jornalista desnudou todas as irregularidades.

 

Fake news distribuídas por empresas estrangeiras, que foram pagas com dinheiro oriundo de caixa 2 de empresas brasileiras, o que também é ilegal, e onde a gente não sabe ao certo quem foi que produziu tanta informação mentirosa, que faz com que muita gente aponte que isso são táticas de guerra. Quem domina isso, em geral, são setores das Forças Armadas envolvidos na chamada técnica da guerra híbrida, o que joga ainda mais suspeitas sobre essas relações que nunca foram esclarecidas entre o comandante do Exército da Dilma e do Temer, que foi um cabo eleitoral importantíssimo de Jair Bolsonaro, de acordo com o próprio Bolsonaro.

 

Isso, por exemplo, o Congresso jamais procurou investigar, saber e nem tampouco o Tribunal Superior Eleitoral ou mesmo os partidos de oposição, que acabaram sendo prejudicados, a oposição ao Bolsonaro evidentemente. Mas voltando a essa questão da Polícia Militar, temos chamado a atenção que o governo Bolsonaro e, particularmente, o presidente vem cultivando relações diretas com essa turma não somente da PM, mas também das Forças Armadas, a turma dos escalões inferiores, e o que tem acontecido no Ceará é algo muito grave porque a Polícia Militar praticamente se amotinou e, ontem, na cidade de Sobral houve um conflito.

 

O senador Cid Gomes, que é da cidade, sua família tem uma importância política nessa cidade, ele mesmo já foi prefeito, foi ministro, o Ciro Gomes também iniciou sua carreira lá em Sobral, foi para lá e resolveu enfrentar os policiais amotinados dentro de um quartel a partir de uma retroescavadeira. A atitude do senador foi completamente imprudente também, o fato é que ele acabou tomando um tiro.

 

Isso vai jogando mais lenha na fogueira nessas relações entre a Polícia Militar, que é parte integrante importante deste fenómeno que se cria em algumas cidades que são as milícias. Aqui no Rio de Janeiro isso é um problema seríssimo e não dá para brincar com a situação como essa. A PM não é composta por trabalhadores quaisquer, já tivemos situações inclusive onde as mulheres dos PM’s foram às ruas para protestar contra os baixos vencimentos e quem reprimiu e baixou a cacetada nas suas próprias esposas? Os PM’s. Então essa força militar, na verdade, que é empregada no policiamento ostensivo, merece muito cuidado.

 

Não dá para tratar esse tipo de reivindicação, que pode ser legítimo, evidentemente, por melhores condições de trabalho, por melhores vencimentos, principalmente, de uma maneira qualquer e isso é muito grave porque observamos, por exemplo, nesse golpe que foi aplicado contra o Evo Morales, na Bolívia, a participação desses policiais foi importantíssima. Sabemos como setores das Forças Armadas e, especialmente, essa turma do Bolsonaro tem se relacionado com essa turma da PM, da baixa oficialidade ou segmentos da base das Forças Armadas.

 

É uma situação muito grave e no meio disso tudo, o que é mais interessante, é que ficamos sabendo que a Polícia Federal investiga um depoimento do Lula à própria Justiça, onde o ex-presidente sugeriu que Jair Bolsonaro seria miliciano. Isso fez com que a Polícia Federal fosse ouvir com atenção o depoimento, pois foi aberto um inquérito a pedido do ministro Sérgio Moro e com base na lei de Segurança Nacional. À noite, a Polícia Federal informou que não houve indiciamento. Enquanto isso, ninguém sabe o paradeiro do senhor Fabrício Queiroz, sem falar nas condições em que esse capitão Adriano foi morto, deixando em silêncio todas as explicações das suas estreitas relações com a própria família Bolsonaro. Isso são apenas retratos da crise brasileira.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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