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Editorial – 20.08.2020

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Que nós alertamos há tempos aqui no Faixa Livre que a nossa democracia está constantemente ameaçada com Jair Bolsonaro no poder, não é novidade. Só que, dessa vez, quem vocalizou esse temor foi o ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin. Na última segunda-feira, o magistrado fez o alerta para a sociedade brasileira em um congresso transmitido pela internet e chegou a defender que o ex-presidente Lula tivesse sido autorizado a participar do pleito de 2018.

 

A respeito dessas declarações do ministro do STF, o jornalista Bernardo Mello Franco, do jornal O Globo, fez observações interessantes na sua coluna publicada ontem e eu gostaria de dividi-las aqui com vocês, ouvintes. O título da coluna é “Cavalo de Troia”:

 

O ministro Edson Fachin considera que as eleições de 2022 estão em risco. Em palestra na segunda-feira, o vice-presidente do TSE alertou para o avanço do autoritarismo no Brasil. Ele disse que é preciso proteger a democracia antes que seja tarde demais.

 

Sem citar nomes, Fachin afirmou que as ameaças começaram na última disputa presidencial. “A escalada do autoritarismo no Brasil após as eleições de 2018 agravou os males da saúde da democracia”, disse, no VII Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral.

 

Nas palavras do ministro, o país pegou a “contramão da História” e passou a conviver com “surtos arrogantes e ameaças de intervenção”. “O futuro está sendo contaminado por despotismo, e lamentavelmente nos aproximamos do abismo”, avisou.

 

Fachin recorreu à Grécia Antiga para explicar a enrascada do Brasil atual. Ele disse que “há um cavalo de Troia” dentro da fortaleza democrática erguida pela Constituição de 1988. “Esse cavalo de Troia apresenta laços com milícias e organizações envolvidas com atividades ilícitas”, acrescentou.

 

O ministro citou o livro “Como as democracias morrem”, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt. Os autores descrevem a nova tática dos autocratas: em vez de promover rupturas violentas, minam a democracia por dentro para se eternizar no poder.

 

Segundo os cientistas políticos, os inimigos da democracia incentivam a violência, demonizam adversários e sabotam as regras do jogo, ameaçando não aceitar derrotas nas urnas. Para Fachin, o Brasil já apresenta todos esses sintomas de “recessão democrática”. “As eleições presidenciais de 2022 podem ser comprometidas se não se proteger o consenso em torno das instituições”, alertou.

 

Em março, Jair Bolsonaro declarou que a disputa de 2018 teria sido fraudada para impedir sua vitória no primeiro turno. Passaram-se cinco meses e ele nunca apresentou provas da acusação. Em desvantagem nas pesquisas, Donald Trump passou a dizer que só será derrotado se a eleição americana for manipulada. É questão de tempo para o capitão imitar mais essa”.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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