Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:

Editorial – 21.08.2019

Compartilhe:
editorial_1170x530

O assunto ontem aqui no Rio, e continua sendo, foi este triste episódio na ponte Rio-Niterói, onde um jovem de 20 anos desesperado cometeu um ato absolutamente insano. Ele, não se sabe qual foi a razão, o que fez foi sequestrar um ônibus e, principalmente, ameaçar os passageiros. Frente a esta situação, evidentemente houve providências da polícia, o ônibus foi cercado na ponte, inicialmente pela Polícia Rodoviária Federal e depois pelas forças ditas de segurança do estado.

 

Bem, todos sabemos o fim dessa história, o cidadão foi executado a tiros. De acordo com os especialistas, fiquei vendo alguns programas de televisão e os jornais hoje, os especialistas falam que o protocolo foi cumprido. Eu, evidentemente, não entendo disso, só me pergunto se numa situação como essa, apenas um tiro fatal poderia imobilizar aquele cidadão? Não seria possível algum tiro que viesse, por exemplo, a neutralizar as suas ações? Essa é uma questão elementar porque o que está se passando na nossa sociedade é a banalização da morte, de assassinatos, execuções, como se fosse algo absolutamente normal.

 

Em primeiro lugar, não é normal um homem jovem, de forma tresloucada, cometer esse tipo de ato insano. Isso, em si, já deveria fazer com que todos nós raciocinássemos que tipo de sociedade é essa, que tipo de mundo é esse que estamos vivendo, até porque essas ações desesperadas não são fatos isolados. Cada vez, frente ao drama social, às dificuldades de vida, temos observado esse tipo de comportamento tresloucado. Mas a grande questão é como, numa situação de emergência, as tais forças de segurança poderão agir.

 

Vejo que todos elogiaram os protocolos, inclusive recomendados internacionalmente, foram respeitados, e eu fico aqui me perguntando como leigo, que protocolos são esses? A grande questão é que frente ao desenlace dramático, trágico dessa situação, que nenhuma pessoa pode comemorar, o senhor Witzel simplesmente desceu de helicóptero na ponte pulando como se fosse um torcedor de estádio de futebol, comemorou a ação da sua polícia. Evidente que ele quer capitalizar a verdadeira barbárie que ele defende e pratica como política de segurança.

 

Ontem, por exemplo, um helicóptero da Secretaria de Segurança ou da polícia, não sei mais quem responde por isso, novamente voltava a aterrorizar os moradores da Cidade de Deus, inclusive com o lançamento, do alto de um helicóptero, de uma granada. Cidade de Deus é uma região densamente povoado, não é uma região, por exemplo, onde a grande maioria das pessoas seja criminosa ou guerrilheira, que estaria a atacar o Estado brasileiro e, principalmente, o governo de Witzel, muito pelo contrário, é uma área densamente povoada por trabalhadores, por gente que como esse rapaz William, tinha de ganhar a vida no seu dia-a-dia, e é dessa maneira que essa gente é tratada.

 

É essa política, na verdade, que o senhor Witzel procura festejar ao comemorar o assassinato de um cidadão pelas suas forças de segurança em plena ponte Rio-Niterói, em plena luz do dia. Bem, esse é o Brasil e o Rio de Janeiro que estamos construindo e isso deve fazer com que todos nós coloquemos a mão na consciência: será que a melhor maneira de termos uma sociedade civilizada e com forças de fato de segurança agindo é essa? Tenho enormes dúvidas e acho simplesmente que esses episódios deveriam nos envergonhar e não fazer como esse governador que sai pulando, comemorando a barbárie.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

Deixe seu comentário:

Apoie o Faixa Livre:

Apoie o Faixa Livre:

Baixe nosso App

Baixe nosso App

Programas anteriores