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Editorial – 22.10.2019

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O Chile sempre foi apresentado como uma espécie de vitrine nas experiências liberais aqui no nosso continente, especialmente em função, inclusive, do inicio traumático dessa história no país vizinho. Tudo se deu a partir de 11 de setembro de 1973, quando uma experiência inédita no mundo, a tentativa de uma transição do capitalismo para o socialismo por meios pacíficos, como se falava na época, foi interrompido por um golpe militar violentíssimo comandado pelo general Pinochet.

 

Essa história é bem conhecida no nosso continente, a história de torturas, prisões, da destruição de uma experiência política importantíssima que tinha na sua vanguarda Salvador Allende. Muitos anos se passaram, mas a propaganda, especialmente dos meios da mídia empresarial, sempre saudou o Chile como um país absolutamente harmonioso, equilibrado, em franco desenvolvimento, com crescimento econômico e emprego para sua população. Qual o quê, as manifestações que tomaram conta do país desde a semana passada mostram que essa história estava muito mal contada.

 

A violência dessas manifestações, a vontade do povo em alterar o rumo da história e, principalmente, combater as injustiças, desigualdades, falou mais alto. Hoje ele se encontra absolutamente em chamas. As imagens que chegam do país mostram muito bem que, ao contrário de outros países aqui da América Latina, o centro hoje de todas as tensões está lá, em Santiago do Chile, em Valparaíso, em outras cidades chilenas. Ontem houve, inclusive, a ampliação na região metropolitana de Santiago do horário de toque de recolher, das 22h para as 20 horas.

 

Das 20h às 6h da manhã, mas o que se viu foi os manifestantes nas ruas protestando, inclusive ouvindo um general contestando o próprio presidente da República, que afirmou que seu governo está em uma guerra contra um inimigo poderoso. Para o general, não há guerra nenhuma, o que existe, de fato, são manifestações muito violentas e legítimas contra um governo que, a rigor, apoia todos os projetos de uma burguesia chilena, que, tal qual a burguesia brasileira, só pensa em si e principalmente nas relações promíscuas com o capital estrangeiro.

 

É isso que está em jogo hoje no Chile, e é por isso que os nossos senadores hoje aqui no Brasil deveriam colocar a mão na consciência porque eles prometem concluir o processo de votação desse ataque frontal contra a Previdência Social pública, uma total irresponsabilidade. A Previdência hoje no Brasil é um amortecedor de um conjunto de problemas que a população vive principalmente em função da falta de renda.

 

É a Previdência que todo mês ajuda a atenuar o problema de milhões de brasileiros e, porque não lembrar, de boa parte dos municípios do interior do Brasil, mas os senadores prometem hoje avançar no ataque contra a Previdência Social de forma irresponsável e no momento em que a crise social no Brasil vai assumindo contornos muito dramáticos. Francamente, é uma verdadeira vergonha o que esses senadores prometem para logo mais, acelerando a votação tanto na CCJ do Senado, como no próprio plenário.

 

Tal como ocorreu no primeiro turno da votação dessa matéria nessa Casa, que deveria ser a revisora dos atos da Câmara dos Deputados, que também se submeteu à pressão dos financistas, dos banqueiros, de seguradoras e, principalmente, dessa mídia dominante absolutamente irresponsável no nosso país, quando deu cobertura a todas essas tramas do sistema financeiro para alterar as regras da Previdência, desprezaram, inclusive, estudos acadêmicos que apontavam muito bem que o governo manipulou os números para procurar convencer os nobres parlamentares, uma verdadeira vergonha.

 

Ao mesmo tempo em que essa mídia jamais abriu espaço para um debate franco, responsável a respeito dos rumos da Previdência e, porque não falar, da seguridade social no país. Nesse momento em que precisamos ampliar o amparo às nossas famílias, o que estamos observando é um governo que não só entrega nossas riquezas, como ocorre com a riqueza do pré-sal, como atenta contra a Constituição Federal da República, principalmente no tocante aos direitos sociais dos trabalhadores e de todo nosso povo.

 

Está em curso toda essa trama inclusive para desvincular totalmente qualquer tipo de receita do orçamento a despesas que são fundamentais para o dia-a-dia da nossa população, como os investimentos na área de educação e saúde. Portanto, precisamos não somente ter os chilenos, os equatorianos, aqueles que lutam aqui no nosso continente por um mundo melhor como referência, mas, principalmente, devemos ter claro que o atual governo, a mídia dominante e todos aqueles que apoiam essa verdadeira aventura contra o direito social dos trabalhadores, contra as nossas riquezas, todos esses deverão ser julgados pela História e por nossas gerações.

 

Não poderemos jamais permitir que esse país entre em uma rota totalmente de desgoverno por conta dessas pressões daqueles que são mais ricos, aqueles que continuam a concentrar renda e riqueza no país conforme os últimos estudos demonstram. É uma verdadeira vergonha e é por isso que lamentamos a posição que hoje a maior parte dos nossos senadores possivelmente tomará, uma posição irresponsável e totalmente desvinculada dos interesses da nossa população.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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