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Editorial – 23.10.2019

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O Senado concluiu a votação do texto-base da chamada reforma da Previdência, um verdadeiro ataque contra o direito dos trabalhadores, no dia de ontem. Esse texto-base ainda será objeto hoje de votação de alguns destaques, mas, em linhas gerais, a vontade do governo Bolsonaro e do senhor Paulo Guedes foi satisfeita. No momento onde, inclusive, o Chile, é bom que a gente se lembre, arde em chamas e uma das razões são os baixíssimos valores das aposentadorias, fruto justamente de mudanças que foram feitas naquele país há muitos anos e que se assemelham muito a essa história que agora os nossos parlamentares estão querendo implementar aqui no Brasil a partir dessa votação das mudanças das regras previdenciárias.

 

Nesse processo aqui no Brasil foram desconsiderados os estudos acadêmicos que apontavam as incongruências nos chamados cálculos que o governo apresentava a pretexto de defender essas mudanças. Também foram desconsideradas olimpicamente as conclusões da CPI da Previdência Social, que teve como presidente inclusive o senador Paulo Paim. Vamos nessa edição de hoje conversar com ele e, na verdade, se desconsiderou a história do direito dos trabalhadores aqui no Brasil, tudo a pretexto de uma economia, vejam bem, de gastos de cerca de R$ 800 bilhões em 10 anos.

 

Isso dá uma média de R$ 80 bilhões por ano. R$ 80 bilhões por ano significa hoje o que o governo gasta com despesas de juros da dívida pública em 80 dias. Essa é a grande verdade. Estamos absolutamente mergulhados numa situação muito grave, e devemos principalmente pensar no nosso futuro. Isso significa que estamos sacrificando direitos, renda dos trabalhadores para uma economia pífia, que já mostrou a história, inclusive, não é esse o caminho para reduzir o endividamento público, como se isso fosse algum problema.

 

No Brasil é um problema porque esse endividamento está intimamente ligado simplesmente a esse mecanismo de se procurar valorizar dinheiros e capitais que, ao invés de irem para a produção, consumo, acabam ficando nesse circuito de valorização propiciado pelos títulos públicos. Quem garante isso é o governo. Se o governo mudar a natureza da sua política monetária, inclusive o padrão de administração pública da dívida, teremos outro tipo de vida, nós e os especuladores, porque esses perderiam, mas o governo Bolsonaro, assim como os governo Temer, Dilma e Lula preferiram manter esse esquema de alta remuneração para os capitais parasitários, e é por isso que a Previdência tem de ser sacrificada, e os próximos a serem sacrificados serão os investimentos na área da saúde e da educação.

 

Vocês já ouviram as palavras de Paulo Guedes que quer desvincular o orçamento, significa deixar o orçamento absolutamente livre para essas manipulações que, em geral, beneficiam ao capital financeiro na forma da remuneração dos títulos públicos, e é por isso que o orçamento tem de ficar livre qualquer tipo de amarra em termos de despesas direcionadas à área da saúde e educação. São os próximos alvos dessa turma, bem como existe hoje toda uma discussão do governo a respeito de uma nova rodada para a reforma, a chamada reforma administrativa, um duro golpe contra a estrutura do Estado brasileiro e, particularmente, contra os servidores públicos concursados com estabilidade.

 

Então o cenário que se aponta é gravíssimo e os nobres parlamentares simplesmente abstraem o que vem acontecendo nesse momento no Chile. Foi justamente por esse tipo de medida que o Chile mergulhou em uma crise violentíssima, mas parece que os parlamentares preferem ouvir o senhor Paulo Guedes e essa historinha de que o Chile seria a Suíça da América do Sul. Francamente, o Chile encontra-se em chamas, profundamente abalado pelas consequências dessas medidas que lá foram tomadas nos anos 1970 e agora iremos entrar em uma rota muito mais grave de desestruturação do Estado brasileiro e do conjunto dos direitos dos trabalhadores.

 

Por isso, somente a luta e a persistência dos trabalhadores poderão reverter esse quadro, mas, para tanto, é necessário que tenhamos lideranças à altura de todo esse processo, onde o direito dos trabalhadores e a soberania nacional estão sendo entregues na bacia das almas. É uma verdadeira vergonha e é por isso que a gente espera que haja claramente uma manifestação mais consistente do conjunto das forças de oposição que têm de mostrar a sua cara nas ruas, mostrando claramente que só a luta será capaz de derrotar esses que procuram destruir o Brasil e o direito dos trabalhadores.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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