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Editorial – 23.10.2020

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Nós temos, durante a semana, falado a respeito dessa visita de uma comitiva dos Estados Unidos ao Brasil para uma série de compromissos, incluindo a assinatura de acordos bilaterais. Tudo isso às vésperas das eleições no país norte-americano. Eu tenho alertado aqui e debatido com nossos comentaristas as verdadeiras intenções dessa vinda dos emissários de Donald Trump.

 

A respeito desse tema, eu gostaria de fazer a leitura de um artigo do economista e pesquisador da Fiocruz Heitor Silva, que denuncia alguns desses interesses contidos nesse encontro com os ultraliberais brasileiros. O título do texto é “A visita do Pres. do Conselho de Segurança dos Estados Unidos: o império norte-americano decidindo os rumos da nação brasileira”:

 

Nos dias 19 e 20 de outubro, está no Brasil o Sr. Robert O’Brien, presidente do Conselho de Segurança dos EUA. Teve reuniões com o presidente, com o chefe do gabinete de Segurança Institucional, o Gen. Heleno, com o ministro da Fazenda Paulo Guedes e, à noite, em um jantar com o ministro das Relações Exteriores e esteve na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).

 

Na visita à FIESP, ficou claro que ele está no Brasil com uma postura que lembra os vice-reis da América Espanhola, ou seja, ditando como nossa política deve ser para agradar ao império. Duas declarações sintetizam bem este intento. Sobre segurança alimentar ele declarou: ‘(…) alimentamos o mundo e somos complementares’. Traduzindo, devemos alinhar a nossa política de exportações de produtos agrícolas com os interesses dos EUA. Sobre tecnologia:

 

‘Estamos recomendando fortemente que nossos parceiros fechem acordo com fornecedores confiáveis. Temos uma longa história de cooperação com o Brasil nas áreas de segurança e defesa e podemos aprofundá-la’. Traduzindo, ele indicou que na disputa entre EUA e China pelo padrão da internet 5G no Brasil eles não aceitam serem derrotados.

 

Na FIESP, anunciou também recursos de mais de meio bilhão de dólares (559 milhões), sendo US$ 259 milhões para uma empresa carioca, a Smart Rio, e US$ 300 milhões para o banco que já teve como sócio o ministro da Fazenda Paulo Guedes.

 

A Smart Rio foi a empresa que venceu a licitação para o fornecimento de iluminação pública na cidade do Rio de Janeiro, o que significa o afastamento de uma empresa pública para a entrada de uma privada, ou seja, uma parte dos recursos da Prefeitura irá para enriquecer empresário privado. Na licitação, a Smart Rio apresentou com capital próprio R$ 70 milhões e recebeu um contrato que prevê investimentos de R$ 1,4 bilhão em 20 anos.

 

Hoje o presidente do conselho de Segurança dos EUA ao repassar US$ 259 milhões de dólares, fez um aporte para esta empresa de, aproximadamente, R$ 1,3 bilhão! Evidente que tal empréstimo diante da fragilidade financeira da empresa significa que ela passou a ser um setor do Departamento de Estado norte-americano. O risco embutido nisso é que caso tenhamos governos que não agradem os ianques, podemos ter as ruas da cidade às escuras e, como as câmeras são usadas para controle do tráfego, caos no trânsito. Isso sem falar nas possibilidades infinitas de identificação facial por um governo estrangeiro.

 

O reforço para o BTG Pactual é para a carteira de empréstimos voltada ao projeto 2X mulher e para PMEs (pequenas e médias empresas) do Norte e Nordeste. Lembrando que na mesma direção, há pouco tempo, foram repassados US$ 400 milhões para o Itaú utilizar em uma carteira de empréstimos a empresas atingida pela COVID e mais US$ 25 milhões para uma mina de cobalto e níquel no Piauí.

 

Como nacionalistas revolucionários, não podemos deixar de denunciar este aprofundamento da dependência ao imperialismo ianque”.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes

 

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