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Editorial – 25.05.2022

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O Rio de Janeiro foi palco no dia de ontem (24) de mais uma chacina promovida por policiais militares, dessa vez na comunidade da Vila Cruzeiro, zona norte da cidade. Até agora foram registradas 22 mortes nesse episódio, e eu não farei maiores comentários a respeito desse tema para não me exaltar, visto que a indignação e a perplexidade são os sentimentos que me dominam, bem como a qualquer pessoa que tenha o mínimo senso de humanidade.

 

No lugar disso, eu farei a leitura de um trecho da coluna publicada pelo jornalista Leonardo Sakamoto, no site UOL, que tem o título “Chacina é o termo técnico, mas não há palavras para o absurdo hoje no Rio”. Ele diz o seguinte:

 

Chacina é o termo técnico para esse número de mortos na Vila Cruzeiro, mas não há palavras para descrever o absurdo que aconteceu hoje no Rio de Janeiro.” Essa é a avaliação de Jurema Werneck, diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil, feita à coluna.

 

Uma ação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) terminou, nesta terça (24), com ao menos, 22 mortos na zona norte da capital fluminense. Até agora já foi identificada uma das vítimas que não estava em confronto com a polícia, a moradora Gabrielle da Cunha, de 41 anos.

 

De acordo com a PM, o objetivo era encontrar lideranças de organizações criminosas. Há, ao menos, sete feridos, entre eles um policial que levou um tiro no nariz.

 

“É preciso perguntar que justificativa tem o Bope e a PRF para juntos entrarem em uma comunidade e produzirem um descalabro como esse”, questiona Werneck. “Estamos há três meses de uma outra chacina na mesma comunidade, há pouco mais de um ano da maior da história do Rio, no Jacarezinho, e sob uma decisão do Supremo Tribunal Federal para evitar esse tipo de ação. Apesar de tudo isso, outra chacina. O que isso quer dizer neste momento?”

 

Esta é a segunda chacina na Vila Cruzeiro neste ano. A primeira, em fevereiro, ocorreu 20 dias após o governador Cláudio Castro (PL) anunciar o “Cidade Integrada”, programa que diz pretender “retomar” territórios dominados por traficantes e milicianos e tem sido apresentado como destaque para em seus planos eleitorais.

 

Em nota, a Anistia e outras 22 organizações e movimentos sociais, dizem que a situação é de “extrema calamidade” e que ativistas estão sendo ameaçados por agentes de segurança, que impedem a retirada de vítimas e a manifestações de moradores.

 

“Chacina não é absoluta excepcionalidade. Chacina não é compatível com o Estado Democrático de Direito. É preciso parar o extermínio da população negra”, diz a nota.

 

Em agosto de 2020, a maioria dos ministros do Supremo confirmou uma liminar concedida por Edson Fachin proibindo a realização de operações policiais em favelas durante a pandemia sob pena de responsabilização criminal e civil. Ações só poderiam ser autorizadas em caráter ‘absolutamente excepcional’, justificadas e comunicadas com antecedência o Ministério Público.

 

‘O MP diz que foi avisado neste caso. Mas foi avisado de que haveria uma outra chacina?’, questiona Jurema Werneck”.

 

Esse é um trecho da coluna do Leonardo Sakamoto publicada ontem. A pergunta que fica é “até quando?”. Até quando a polícia do rio vai mata pretos e pobres indiscriminadamente nessa necropolítica que nos domina há décadas? Até quando as autoridades judiciárias vão aceitar esse tipo de prática de braços cruzado? Até quando o povo brasileiro aguentará essa retórica do medo? Até quando?

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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