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Editorial – 25.10.2019

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O governo Bolsonaro, apesar das falas em pronunciamentos de seus dirigentes, a começar pelo próprio presidente da República, ele ontem na China insinuou o que esse vazamento de óleo no Nordeste pode ser fruto de um ato terrorista, e seu ministro do Meio Ambiente, se é que podemos chamá-lo assim, Ricardo Salles, depois daquele inacreditável pronunciamento na televisão antes de ontem, ele ontem insinuou que o Greenpeace pode estar por trás desse vazamento, e por aí vai, e isso, evidentemente chama atenção, desvia o debate para essas questões, digamos, caricatas do governo, mas o fato é que o governo está nadando de braçada, pelo menos essa é a minha opinião.

 

Está fazendo tudo aquilo que quer. Está em curso a venda de segmentos importantíssimos da nossa maior empresa brasileira, que é a Petrobras, sem sombra de dúvidas uma empresa valiosíssima, inclusive pela sua capacidade técnica, foi essa turma que descobriu o pré-sal, que é a maior fronteira, reserva estratégica de petróleo hoje do mundo, bom que se diga isso, e essa semana o Senado também concluiu a votação do texto base e dos destaques da chamada contrarreforma da Previdência, e hoje os jornais dizem que o Paulo Guedes, por exemplo, quer criar um mecanismo para estados e municípios em situação de crise nas suas contas, possam, por exemplo, demitir e cortar salários dos servidores.

 

O jornal Valor Econômico antecipa que o governo quer desvincular, por exemplo, receitas de fundos setoriais. Para flexibilizar o uso das receitas orçamentárias, o projeto de Emenda Constitucional, o chamado novo pacto federativo, desvincula as receitas dos cerca de 280 fundos setoriais para financiar investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Os recursos dos fundos passarão a bancar gastos discricionários. O principal gasto discricionário é justamente o pagamento de juros da dívida pública.

 

Com relação a isso, evidentemente, essa turma que tem como objetivo meter a mão no orçamento e no patrimônio público, eles não dão um pio. Essa é a questão central de todo desarranjo da economia brasileira. A dívida pública é hoje o principal instrumento para o lucro dos ricos. Um país responsável usa sua dívida pública para aumentar a capacidade do Estado em intervir na economia, principalmente criando melhores condições de atendimento às necessidades da nossa população tanto no plano social, quanto no plano da infraestrutura econômica.

 

A dívida pública é o mais importante instrumento para isso, mas aqui no Brasil, especialmente desde os anos 1990, com essa nova engenharia econômica ditada pelo Plano Real, o que temos é a utilização de forma escancarada da dívida pública para atrair dólares para o país e para remunerar os capitais parasitários, que ao invés de irem para o investimento, para a produção, financiamento ao consumo, acabam se valorizando nesse circuito financeiro bancado pelo Estado através da venda de títulos públicos com taxas de juros altamente elevadas.

 

Por isso tudo é muito importante esse movimento que se iniciará a partir da 0h de sábado com a greve dos petroleiros. Essa greve poderá ser o mais importante movimento de contestação a esse conjunto de ações que, conforme a gente destaca, sacrificam a soberania nacional, prejudicam a independência do país e, particularmente, faz com que os direitos sociais dos trabalhadores sejam enterrados. Agora, como enfrentar esse governo, principalmente através das suas ilegalidades, e essas não faltam. As relações da família Bolsonaro com as milícias aqui no Rio de Janeiro são escancaradas.

 

Existe inclusive um tal chefe do escritório do crime, que é apontado como o principal responsável pela execução da vereadora Marielle Franco. Esse chefe, o Capitão Adriano, ex-capitão do Bope, tem íntimas relações, tanto sua ex-mulher, como sua mãe foram empregadas de Flávio Bolsonaro durante muito tempo lá no gabinete desse senhor que hoje é senador pelo Rio de Janeiro e anteriormente exercia o mandato de deputado estadual na Alerj. E é dentro do gabinete do deputado estadual Flávio Bolsonaro que pontificava o senhor Queiroz, esse mesmo famoso hoje em dia pelo seu sumiço.

 

Agora, o jornal O Globo obteve uma gravação do WhatsApp onde esse ex-assessor do Flávio Bolsonaro conversa a respeito da utilização de cargos não lá atrás no gabinete de Flávio Bolsonaro, mas agora em pleno governo Bolsonaro. Ele, Bolsonaro, que já afirmou que não tem relações e não encontra o senhor Queiroz há muito tempo. Na gravação, o Queiroz falou o seguinte:

 

“Tem mais de 500 cargos lá, cara, na Câmara e no Senado. Pode indicar para qualquer comissão ou alguma coisa sem vincular a eles”, mencionando evidentemente a família Bolsonaro. “Em nada, em nada, 20 continho aí pra gente caía bem pra cacete, meu irmão, entendeu? Não precisa vincular ao nome, é só chegar lá e, pô, cara, o gabinete do Flávio faz fila de deputados e senadores, pessoal para conversar com ele, faz fila. Só chegar lá e, pô, meu irmão, nomeia fulano aí pra trabalhar contigo, salariozinho bom desse aí, cara, para a gente, que é pai de família, cai como uma uva”.

 

É assim que essa turma, com essa linguagem de bandido, trata das questões de Estado brasileiro e é evidente que por trás dessa história de meter a mão no orçamento e no patrimônio, que é a grande linha política do governo Bolsonaro, nós temos que reagir, e a reação tem de ser, evidentemente, cobrando as omissões do Poder Judiciário que permitiram uma eleição absolutamente fraudada e que levou esse tipo de gente aos mais altos postos da República. Essa é a situação do Brasil e isso faz com que a gente pense muito bem o tema central do debate que faremos logo mais aqui na Faixa Livre.

 

Estamos assistindo a essa verdadeira rebelião popular no Chile. O Chile sempre foi o modelo escolhido por Paulo Guedes para apontar os caminhos corretos para o desenvolvimento do Brasil. Alguém, nessa altura do campeonato, pode acreditar nisso? Portanto, mais do que nunca, a discussão de hoje será justamente sobre as lições que essa crise no Chile pode nos deixar, afinal de contas, quem está em situação de absoluta emergência com o país em chamas, a rigor é o próprio Brasil e nós precisamos reagir.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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