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Editorial – 26.08.2020

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A excrescência que é o governo de Jair Bolsonaro ainda de seu estabelecimento nos impõe determinadas reflexões. Desde o início do seu mandato, o autoritário ex-capitão do Exército tem tratado a democracia não apenas com desleixo. Ele ataca frontalmente os pilares em que se estabeleceram os preceitos constitucionais, em especial as liberdades de expressão e de imprensa.

 

Não por acaso tivemos a produção daquele dossiê contra antifascistas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, bem como as seguidas ofensas proferidas pelo chefe do Executivo aos jornalistas quando confrontado a questões que ligam ele e sua família a ilícitos gravíssimos. Por que, por exemplo, os veículos de imprensa não se unem e questionam o Judiciário a respeito das repetidas provocações do presidente, que incita seus apoiadores a propagarem o discurso de ódio? O que falta acontecer para que se tome uma atitude contundente contra Jair Bolsonaro?

 

A respeito de mais esse episódio patrocinado por essa figura nefasta que ocupa o cargo máximo do nosso país, eu gostaria de fazer a leitura da coluna do jornalista Bernardo Mello Franco, publicada ontem no jornal O Globo, veículo que foi alvo da última ação irada do presidente, sob o título “Não era moderação, era medo da polícia”:

 

Jair Bolsonaro voltou a dar chilique ao ser questionado sobre os rolos da família. No domingo, um repórter do GLOBO perguntou por que Fabrício Queiroz depositou R$ 89 mil na conta da primeira-dama. O presidente fez careta, chamou o jornalista de “safado” e ameaçou silenciá-lo na base da “porrada”. Só não quis explicar a transação suspeita.

 

Bolsonaro já havia apresentado uma versão capenga para os cheques de Michelle. Em dezembro de 2018, ele disse ter emprestado R$ 40 mil ao ex-PM. O dinheiro teria sido devolvido à primeira-dama porque o capitão, muito ocupado, não tinha tempo de ir ao banco.

 

No domingo, o presidente foi confrontado com mais uma história mal contada: o valor pingado na conta de Michelle foi mais que o dobro do admitido. Sem resposta, Bolsonaro agrediu o autor da pergunta. Reação típica de quem não consegue se explicar.

 

O capitão mirou no jornalista, mas acertou o próprio pé. Ao destratar o repórter, ele chamou mais atenção para os repasses à primeira-dama. A pergunta sobre os R$ 89 mil se espalhou nas redes. Milhões de brasileiros ficaram sabendo do que o presidente tentava esconder.

 

O novo ataque à imprensa mostra que é tolice acreditar na fantasia de um Bolsonaro moderado. Nos últimos dois meses, vendeu-se a ideia de que o presidente teria abandonado o extremismo e as ameaças de golpe. O candidato a ditador teria aprendido, enfim, a conviver com a democracia.

 

Não era moderação, era medo da polícia. Bolsonaro adotou a tática do silêncio quando Queiroz foi preso. Bastou o sargento sair da cadeia para o capitão voltar a ser quem sempre foi. Um político autoritário, que trabalha para implodir o sistema que o elegeu.

 

O presidente tenta calar a imprensa porque não tolera ser fiscalizado. Quer destruir os freios e contrapesos que limitam o exercício do poder. Sua meta é governar uma nação de bajuladores, como os que foram aplaudi-lo ontem no Planalto. Com 115 mil mortos, o governo promoveu uma cerimônia para cantar vitória sobre o coronavírus. Poderia ser Belarus, mas é o Brasil de 2020”.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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