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Editorial – 28.06.2022

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O bolsonarismo aponta para todos os lados quando o que está em jogo é a sua sobrevivência enquanto força política hegemônica no nosso país, ainda mais em um quadro onde diferentes alas começam a desembarcar dessa retórica absurda, que está fundada no desejo do ex-capitão em levar o Brasil a uma aventura autoritária.

 

É isso o que apresenta a jornalista Thaís Oyama em sua coluna publicada ontem (27) pelo site UOL, que tem o título “Acuado e sem respaldo de militares para golpismos, Bolsonaro acena à PM’s”. Ela diz o seguinte:

 

Até agora, o golpismo do presidente Jair Bolsonaro foi do tipo que ladra mas não morde.

 

Começou no alvorecer do seu governo.

 

Em maio de 2019, em meio a manifestações de rua, contra e a favor da sua gestão, o ex-capitão compartilhou no WhatsApp um ruidoso texto de autoria desconhecida onde se lia que o Brasil corria o risco de viver uma ‘ruptura institucional irreversível, com desfecho imprevisível’.

 

De lá para cá, foram muitas as variações presidenciais em torno do mesmo tema: ‘Acabou, porra!’ (28 de maio de 2020, quando o STF autorizou operação policial contra aliados); ‘Faço o que o povo quiser. Sou chefe das Forças Armadas e as Forças Armadas sabem o que está acontecendo’ (12 de março de 2021, durante o embate com governadores na pandemia de coronavírus); ‘Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições’ (8 de julho de 2021, questionando as urnas eletrônicas).

 

Ontem, Bolsonaro repetiu-se: ‘Uma hora vai acontecer uma tragédia que a gente não quer. Não estamos dando recado ou aviso, todo mundo sabe o que está acontecendo’.

 

É fato que a maioria dos integrantes da cúpula das Forças Armadas compartilha com Bolsonaro boa parte das críticas que ele faz ao STF e ao PT.

 

A convicção de que ministros do Supremo extrapolam suas funções e de que a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o que de pior pode acontecer ao Brasil é dominante nos comandos das Forças.

 

Ocorre que, durante esses quase quatro anos de governo Bolsonaro, tudo o que o ex-capitão ouviu dos generais em resposta às suas ameaças, bravatas e balões de ensaio foi a mesma coisa: Exército, Marinha e Aeronáutica podem até concordar com ele em muitos assuntos, mas não o acompanharão em nenhuma aventura golpista — ainda que uma eventual iniciativa presidencial nesse sentido nasça de uma contestação do resultado das urnas eletrônicas, cuja invulnerabilidade, para muitos militares, ainda não foi suficientemente testada.

 

‘Os militares cumprirão qualquer decisão do Judiciário’, afirma um influente general da reserva com interlocução junto ao Alto Comando do Exército. ‘Cumpriremos como não deixamos de cumprir até hoje muitas determinações com as quais não concordamos’, afirma. Entre as decisões do STF a que o general se refere estão a que ele chama de ‘descondenação’ do ex-presidente Lula, em 2021; e a demarcação, em 2009, da terra indígena Raposa Serra do Sol em área contínua — esta última por supostamente ameaçar a soberania do território nacional.

 

Bolsonaro sabe que não pode contar com as Forças Armadas para gestos tresloucados, e talvez por isso esteja tentado a cantar em outra freguesia.

 

O colunista do jornal O Globo, Lauro Jardim, revelou que, no último sábado, o presidente enviou a seus grupos de WhatsApp um texto intitulado “Polícia Militar seguirá o Exército em caso de ruptura institucional”.

 

Assinado pelo coronel Marcos de Oliveira, presidente da Associação dos Militares Estaduais do Brasil, o texto data do ano passado, mas Bolsonaro achou por bem requentá-lo agora.

 

Ao piscar para as PMs, por natureza e conformação menos coesas que as Forças Armadas, o presidente flerta com o caos — como vem fazendo desde os primeiros meses do seu governo.

 

A diferença agora é que, em baixa nas pesquisas, citado no escândalo do MEC e premido pela crise econômica, o ex-capitão está ameaçado de perder a eleição já no primeiro turno. E começa a dar mostras de se sentir um animal acuado — do tipo para o qual já não basta latir”.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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