Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:

Editorial – 28.08.2020

Compartilhe:
editorial_1170x530

O cenário de violência nas favelas, que havia diminuído muito no Rio de Janeiros durante os meses de pandemia, conforme mostram os dados do Instituto de Segurança Pública que nós chegamos a repercutir aqui no programa, voltou a assustar os moradores, dessa vez do complexo do São Carlos, conjunto de favelas que fica na região central da cidade.

 

Desde a última quarta-feira, uma disputa entre facções pelo controle do tráfico no São Carlos vem provocando diversos tiroteios, com moradores dos arredores sendo feitos reféns por criminosos para tentar fugir da polícia em pelo menos duas ocasiões, além da morte de duas pessoas: um homem, ainda não identificado, e de Ana Cristina da Silva, de 25 anos, baleada na cabeça e na barriga por tiros de fuzil quando tentava proteger seu filho de apenas três anos, no bairro de Rio Comprido. A criança felizmente nada sofreu.

 

Há também seis feridos nos confrontos, três suspeitos de participarem da invasão e outras três pessoas vítimas de bala perdida. Na tarde de ontem, equipes de reportagem que faziam a cobertura deste episódio ficaram no meio do fogo cruzado.

 

De acordo com a Polícia Militar, foram registrados, além das duas mortes, outros episódios relacionados a essa disputa por território: o sequestro de duas famílias por bandidos em fuga ontem e uma intensa troca de tiros, com direito a lançamento de granadas na Lagoa, zona Sul do Rio, na noite de quarta-feira.

 

Em um desses sequestros, quatro criminosos foram presos, entre eles Léo Serrote, apontado como um dos chefes da invasão ao complexo de favelas, que já era procurado pela polícia. A Secretaria de Estado de Polícia Civil informou que o setor de inteligência da delegacia da Cidade Nova detectou, há cerca de duas semanas, uma movimentação de traficantes com intuito de tomarem o território das favelas que compõem o complexo de São Carlos, mas, na ocasião, não foi possível precisar a data e o horário da invasão.

 

Essa disputa de facções pelo controle do tráfico de drogas nas favelas é antiga aqui no Rio de Janeiro, todo mundo sabe, e muitas dessas armas que alimentam esse tipo de confronto, além das que entram ilegalmente pelas nossas fronteiras, são desviadas das próprias forças de segurança do Estado. Não é raro a apreensão de armamento de uso exclusivo das Forças Armadas nessas operações.

 

Depois das restrições impostas pelo Supremo Tribunal Federal a essas incursões nas favelas do Rio sem autorização prévia, as polícias foram obrigadas a atuar privilegiando a busca por informações para combater o crime organizado, algo que já devia acontecer há tempos. Só assim poderiam ser evitadas situações como essas que ocorrem hoje no complexo de São Carlos, onde o poderio bélico das quadrilhas tem origem no próprio Estado.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

Deixe seu comentário:

Apoie o Faixa Livre:

Apoie o Faixa Livre:

Baixe nosso App

Baixe nosso App

Programas anteriores