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Editorial – 30.08.2021

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Me sobrou muito pouco tempo para o editorial de hoje, mas eu faço questão de ler, rapidamente, aqui para vocês a coluna do jornalista Bernardo Mello Franco, publicada ontem (29) no jornal O Globo, onde ele comenta essa declaração que só pode ser classificada de criminosa do presidente Jair Bolsonaro na última semana. O título do texto é “Mais fuzis, menos feijão”

 

Jair Bolsonaro tem um dom inegável: produz slogans contra seu próprio governo melhor que qualquer político da oposição. Na sexta-feira, o presidente defendeu que os brasileiros se armem com fuzis.

 

“Tem que todo mundo comprar fuzil, pô. Povo armado jamais será escravizado”, disse. “Eu sei que custa caro. Tem um idiota: ‘Ah, tem que comprar é feijão’. Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar”, acrescentou.

 

O capitão estava no curralzinho do Alvorada. Em 25 minutos de monólogo, chamou um adversário de “gordo”, outro de “calcinha apertada”, o terceiro de “canalha” e o quarto de “bandido”. A cada insulto, colheu aplausos e gritos de “Mito”. Sem máscara, ele voltou a desdenhar a pandemia, que já matou 578 mil brasileiros. “Lamento. Acontece. A vida é essa”, comentou.

 

Bolsonaro deixará um país com mais fuzis e menos feijão. Em 2020, praticamente dobrou o número de armas registradas na Polícia Federal. Foram 186 mil, um aumento de 97,1% em relação ao ano anterior. O governo também facilitou o acesso a armas de alto poder ofensivo. Caso dos fuzis semiautomáticos, cujo uso era restrito às forças de segurança.

 

Enquanto os bolsonaristas se municiavam, a fome disparou. O número de brasileiros em situação de insegurança alimentar grave saltou de 10,3 milhões em 2018 para 19,1 milhões em 2020. A alta da inflação ainda tende a agravar esse drama.

 

Não é preciso ser um idiota, como disse o presidente, para notar que os itens da cesta básica ficaram muito mais caros. Nos últimos 12 meses, o preço do feijão fradinho subiu 42,4%. O do arroz, 39,7%.

 

Em Cuiabá, capital do agronegócio, a imprensa mostrou famílias em fila para receber ossos com retalhos de carne. No curralzinho, Bolsonaro disse que só venezuelanos se alimentam de ‘resto de comida’.

 

Depois de ironizar a dificuldade dos pobres para comprar feijão, o presidente deixou claro que não perde o sono com o assunto. ‘Político preocupado com a vida do pobre tá de sacanagem. Tá preocupado é com o voto dele’, debochou”.

 

É esse o país que Jair Bolsonaro quer deixar aos brasileiros, ouvintes, com armas ao invés de alimentos. Enquanto esse senhor não for defenestrado do Palácio do Planalto, o retrocesso civilizatório, infelizmente, só tende a se ampliar.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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