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Editorial – 31.05.2022

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Eu tenho citado ao longo das últimas semanas aqui nesse espaço editorial as mais diferentes facetas dessa gestão do senhor Jair Bolsonaro na Presidência da República, e hoje eu trago mais uma delas, o desprezo do ex-capitão com o direito à alimentação do povo brasileiro. Para isso, eu faço a leitura do artigo publicado pelo sociólogo Celso Rocha de Barros ontem (30) no jornal Folha de S. Paulo, que tem o título “Tragédia da fome bolsonarista é uma tragédia feminina”. O colunista diz o seguinte:

 

Na semana passada, foi publicado um estudo da Fundação Getúlio Vargas sobre insegurança alimentar no final de 2021 ao redor do mundo.


A porcentagem de brasileiros que relatou não ter tido dinheiro para alimentar a si mesmo ou a seus familiares em algum momento dos últimos 12 meses subiu de 30% para 36%.

 

Pela primeira vez desde que a pesquisa é feita, o percentual brasileiro é maior do que a média mundial (35%).

 

Como se pode imaginar, o problema foi muito pior entre os brasileiros mais pobres. Em 2021, 75% dos cidadãos que compõem os 20% mais pobres da população brasileira ficaram sem dinheiro para comer ou para alimentar suas famílias em algum momento. Três quartos.

 

Como notam os pesquisadores da FGV, a proporção de brasileiros a quem faltou dinheiro para comprar comida é próxima da proporção entre os cidadãos do Zimbábue, em que 80% da população relataram ter passado pela mesma aflição.

 

A tragédia da fome bolsonarista é uma tragédia feminina. A insegurança alimentar masculina, na verdade, caiu um ponto percentual, de 27% para 26%.

 

Entre as mulheres, a fome cresceu de 33% para 47%. A diferença entre homens e mulheres no Brasil é seis vezes maior do que no resto do mundo. É altamente provável que fome de mulher seja sinônimo de fome de criança.

 

Segundo o estudo da FGV, durante a pandemia, a proporção de brasileiros que não teve dinheiro para comer em algum momento em 2021 subiu quatro vezes mais do que a média dos 120 países pesquisados (6 pontos percentuais no Brasil contra 1,5 ponto percentual no mundo).

 

Em 2019, o Brasil estava em 81º lugar no ranking dos países com mais insegurança alimentar. Em 2021, pulou para 63º.

 

Isto é, no governo Bolsonaro, já cobrimos um quarto da distância que nos separava do Zimbábue no ranking dos países em que uma proporção maior da população tem dificuldade para conseguir o dinheiro da comida.

 

Os dados da pesquisa são anteriores aos desastres de 2022, em especial à guerra da Ucrânia. Os pesquisadores da FGV falam, inclusive, de uma “estagflação da pobreza” em 2022.

 

O termo estagflação é uma combinação de estagnação e inflação. É uma combinação especialmente azarada: em geral, a inflação sobe quando a economia está aquecida e a estagnação econômica derruba os preços.

 

No momento, tanto inflação quanto desemprego estão altos. Isso dificulta muito a resolução do problema, porque as medidas para corrigir a estagnação trazem risco de inflação, e vice-versa.

 

Ou seja, vale para a insegurança alimentar o que valeu para o número de mortes na pandemia: se uma coisa ruim acontece no mundo, Bolsonaro faz com que seja pior no Brasil.

 

Bolsonaro até deu um pouco mais de atenção para o problema da inflação atual do que deu para a pandemia: reclamou da Petrobras. Mas não é empatia, é golpismo.

 

Se o diesel disparar de preço, Bolsonaro perderá apoio dos caminhoneiros, com quem conta para seu projeto de golpe.

 

Já a brasileira com fome e seu filho faminto valem, para Bolsonaro, o mesmo que o brasileiro entubado: nada.

 

A lição é clara: vote para presidente supondo que o (a) eleito (a) pode ser o (a) responsável por conduzir o Brasil durante crises de vida ou morte.

 

Se tivéssemos feito isso em 2018, não teríamos elegido o palhaço fascista do Superpop”.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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