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O episódio envolvendo o ministro da Secretaria-Geral da Presidência Gustavo Bebianno e a família Bolsonaro evidencia o grau de amadorismo daqueles que ocupam o Palácio do Planalto.
O jornalista Edson Sardinha, editor do site Congresso em Foco, destacou a atuação confusa dos diversos núcleos políticos do governo, que sofrem interferência direta dos filhos do ex-capitão do Exército.
“Na verdade temos um governo que não está sabendo lidar com as suas diferenças. A família Bolsonaro, mesmo não tendo cargo dentro do governo, exerce uma influência muito grande sobre o presidente. Há também o grupo dos militares que antes mesmo da posse de Jair Bolsonaro já tinha um temor de que os filhos pudessem criar problemas para ele”, apontou.
Na última quarta-feira, Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro pelo PSL, desmentiu o ministro pelas redes sociais após Bebianno ter dito ao jornal O Globo que sua relação com o presidente era tranquila, tanto que teria conversado com ele “três vezes” no dia anterior.
O parlamentar fluminense compartilhou um áudio de Bolsonaro onde o mandatário se nega a conversar com o titular da Secretaria-Geral da Presidência por estar se recuperando da cirurgia de retirada da bolsa de colostomia. Pouco depois, o presidente ratificou as declarações do filho reproduzindo suas postagens.
A suposta crise está relacionada ao repasse de R$ 400 mil do PSL, partido de Bolsonaro, a uma candidata a deputada federal em Pernambuco, que recebeu apenas 274 votos, quatro dias antes da última eleição. Gustavo Bebianno era presidente da legenda na ocasião.
O jornalista do Congresso em Foco acredita que o caso seja apenas uma desculpa para a saída do ministro, antigo homem de confiança de Bolsonaro e apontado como um dos responsáveis por sua vitória, mas desafeto do filho do presidente desde o processo eleitoral.
“Houve um choque ainda durante a campanha com o Carlos Bolsonaro e desde então o Bebianno passa por um processo de fritura. A avaliação é que essa acusação de repasse de dinheiro para uma candidata laranja foi, de certa forma, um pretexto ou digamos uma oportunidade para o Carlos Bolsonaro, com o aval do pai, detonar o Bebianno e para o Bolsonaro tentar passar a imagem de que tem coerência, que seria radical no caso de acusações contra ministros”, disse Sardinha.
Vale lembrar que o Ministro do Turismo Álvaro Antônio enfrenta acusação semelhante ao supostamente ter patrocinado um esquema de candidaturas de fachada em Minas Gerais. No entanto, o tratamento dado pela cúpula do governo a este caso é outro. A expectativa da exoneração de Gustavo Bebianno na edição do Diário Oficial desta segunda-feira não se confirmou.
Ouça a íntegra da entrevista de Edson Sardinha:
Entrevista em 18.02.2019