Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:

“A esquerda está sem diagnóstico, deixou de pensar”, lamenta Nildo

Compartilhe:
nildo_ouriques_estudio_1170x530

O avanço dos ideais neoliberais no Brasil sob a égide de Jair Bolsonaro e Paulo Gudes, com auxílio luxuoso do Congresso, tem provocado retrocessos profundos às políticas públicas de combate à desigualdade no país. De acordo com o que dizem alguns especialistas, a reversão deste quadro pode demorar décadas.

 

E os partidos de esquerda, históricos defensores das causas populares, parecem estar alheios ao processo de desmonte do Estado. Enquanto as reformas regressivas, como a da Previdência e a tributária, passam pela Câmara e pelo Senado, os opositores ao ex-capitão do Exército oferecem pouca resistência.

 

Presente aos estúdios do Faixa Livre, o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e presidente do Instituto de Estudos Latino Americano (IELA) Nildo Ouriques lamentou a ausência de uma militância parlamentar comprometida com a análise do cenário político e classificou a conjuntura como trágica.

 

“Vou dizer sem nenhuma pretensão professoral, mas com um compromisso militante profundo: a esquerda está sem diagnóstico. Ela deixou de pensar porque se dedicou a uma luta de causas, abandonou uma totalidade, não tem um marco teórico, abandonou a única possibilidade que tínhamos que era o marxismo. Não estou aqui apelando para uma doutrina, estou dizendo que estamos em uma lógica de situações extremas que independe da minha e da tua vontade”, comentou.

 

O panorama nesses pouco menos de 10 meses de governo aponta para uma situação até então inimaginável na política nacional. Na avaliação do docente, a postura combativa do ex-capitão do Exército em relação à legenda pela qual foi eleito o coloca em crédito com a boa parte da população.

 

“Vamos ter que operar nessa lógica que está cada dia no Brasil adotando um perfil mais definido no Congresso Nacional, no governo, nas organizações populares. Veja como Bolsonaro mede forças e arrebenta inclusive o PSL. Tem de se entender porque ele faz isso, é porque está se cacifando como único ponto de crença popular, um político finalmente que não se vende e não se rende. Olha que absurdo”, alertou Nildo.

 

As críticas do presidente do IELA ao Legislativo, a quem classifica como ‘covil de ladrões’, se intensificaram. Defensor da revolução brasileira, o professor chamou o Congresso à responsabilidade de conter o ímpeto do líder do Palácio do Planalto sob a ameaça da disparada de sua popularidade com medidas contra a própria institucionalidade.

 

“Há que redefinir a atuação parlamentar em nome exclusivamente da denúncia. Não da denúncia do nosso massacre cotidiano, mas da trama que Bolsonaro está realizando por vias constitucionais. Desde outubro do ano passado, quando se elegeu, eu postulei que Bolsonaro dobraria a aposta, não sairia de campanha. Ele precisa de uma redefinição de um novo regime político e tem tudo para chamar uma reforma política”, disse, citando o exemplo de outro país sul-americano.

 

“[Sebastián] Piñera, no Chile, chamou uma reforma política, propôs e está colocando um Congresso unicameral e reduzindo o número de deputados e senadores. Foi ovacionado. Ficamos aqui magnificando o Parlamento, as eleições e sedimentando o terreno para a direita passar o rodo em nós, é uma inocência gigantesca. Estou dizendo isso desde outubro do ano passado”, alertou Nildo.

 

Ouça a íntegra da entrevista de Nildo Ouriques:

 

 

Entrevista em 17.10.2019

Deixe seu comentário:

Apoie o Faixa Livre:

Apoie o Faixa Livre:

Baixe nosso App

Baixe nosso App

Programas anteriores