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“General Heleno tentou impedir abertura política”, lembra Teixeira

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É quase inevitável remeter a atual conjuntura política, com os seguidos ataques do ex-capitão do Exército Jair Bolsonaro e seus aliados à ordem democrática, aos tempos em que o país era governado com mãos de ferro pelos militares, no período entre 1964 e 1985. O temor de um novo fechamento do regime volta a assombrar a população.

 

Curiosamente – e talvez não por acaso -, um dos personagens que mais demonstra repúdio à liberdade de expressão no país nos dias de hoje tentou impedir que fosse iniciado o processo gradual de abertura política, sinalizado pelo presidente Ernesto Geisel no final dos anos 1970. Trata-se do general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), flagrado recentemente acusando o Congresso de chantagear o Executivo e inflamando os militantes de extrema-direita a promoverem manifestações contra os Poderes da República.

 

As declarações do militar, somadas aos motins dos policiais militares no Ceará e à pressão dos agentes de segurança pública em Minas Gerais, fizeram com que o professor de Teoria Política do programa de pós-graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimento Agrícola e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) Francisco Carlos Teixeira rememorasse a trajetória de Heleno nas Forças Armadas.

 

“Houve uma situação em que o governador de Minas Gerais foi chantageado [pelos policiais] e teve de ceder, e sabemos que Minas Gerais tem finanças totalmente quebradas, não consegue pagar seus funcionários. Havia uma crise aberta no Ceará onde o governador enfrentou, fez negociações, e criou-se um clima de PM’s amotinados. O exemplo de Minas estava pronto para ser seguido por outras PM’s no Brasil inteiro, quando surgiu essa atuação do general Heleno”, citou.

 

“O general Heleno, quando capitão, era do gabinete do ministro Sílvio Frota no governo Geisel, um ministro que tentou enfrentar e impedir o projeto de abertura política do Golbery [do Couto e Silva] e do Geisel, em 1977. Um processo de abertura que não era exatamente democrático, mesmo assim o general Heleno era contra e tentou, junto com seu chefe e cerca de cem militares, deter a abertura. Ou seja, o Heleno já era um golpista em 1977, ele nunca tolerou essa Nova República que está aí”, continuou o docente.

 

A postura do membro da alta cúpula do Palácio do Planalto encontra semelhança nas ações do presidente da República. Logo após a convocação dos atos do próximo dia 15 contra o Legislativo e o Judiciário, Bolsonaro disparou mensagens por aplicativos para que seus seguidores compareçam aos protestos.

 

Neste cenário, o professor da UFRRJ alertou para a passividade não apenas dos partidos progressistas, mas daqueles políticos comprometidos com a ordem democrática no Brasil.

 

“O Bolsonaro ameaça a democracia, ele nunca aceitou a Constituição de 1988 e sempre disparou contra as instituições republicanas. O grave é que agora é o presidente da República e, do alto do cargo, claramente ataca as instituições republicanas e democráticas. Há mais do que motivos para responsabilizá-lo pelos ataques. É muito grave não só que a oposição, mas que um conjunto das forças políticas do Brasil não vejam a gravidade das ações não apenas do presidente, mas do seu entorno, dos ministros palacianos”, afirmou.

 

Ouça a íntegra da entrevista de Francisco Carlos Teixeira:

 

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