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Geógrafo: “Há completa falta de transparência no governo Crivella”

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As recorrentes tragédias ocasionadas pelas chuvas no Rio de Janeiro, especialmente em regiões de encostas, evidenciam a falta de investimentos públicos em infraestrutura na cidade. O descaso, que tem origem em governos anteriores, se intensificou na gestão de Marcelo Crivella (PRB), há pouco mais de dois anos no cargo.

 

O geógrafo Jorge Borges acredita que a situação se dá pela pouca publicidade que a prefeitura oferece à aplicação do orçamento nas diversas competências de sua responsabilidade, quadro semelhante ao da administração que o precedeu.

 

“Uma das coisas que vale a pena ressaltar é a completa falta de transparência da gestão Crivella, que nesse aspecto sucede muito bem a gestão Eduardo Paes. A questão da transparência é fundamental para a população poder acompanhar política pública e apontar caminhos diferentes. Crivella alegou que investiu mais em contenção de encostas, em novas obras, mas quem mora na cidade não vê”, destacou.

 

Os temporais da última semana deixaram sete mortes, centenas de desabrigados e um rastro de destruição em toda cidade, especialmente na região da Rocinha, onde houve deslizamentos de terra que atingiram um ônibus foi atingido na avenida Niemeyer.

 

Os números mostram bem o negligenciamento nos últimos anos. De acordo com um levantamento baseado em dados do Sistema de Contabilidade e Execução Orçamentária, (Fincon), em 2016 foram gastos R$ 759,1 milhões em programas de manutenção e prevenção contra chuvas. No ano seguinte, o valor caiu para R$ 229 milhões e, em 2018, foi reduzido ainda mais – R$ 207,5 milhões.

 

A maior queda nos investimentos se deu em obras de drenagem e pavimentação, para onde foram destinados R$ 242 milhões em 2016 contra apenas R$ 11,7 milhões nos 12 meses do ano passado. Em monitoramento e diagnóstico de encostas, programas que tratam do controle de enchentes, as dotações orçamentárias desabaram de R$ 140,7 milhões para R$ 64,5 milhões.

 

“Crivella fala que aplicou os recursos, mas quando se analisa os dados do orçamento, não se verifica essa realidade. De mais a mais, como sabemos, há uma política complexa tanto na prevenção, quanto na questão dos alarmes, que em alguns lugares não tocaram. Há todo um complexo de responsabilidades do poder público que parece que falhou bastante nesse evento, apesar de ser realmente fora da curva e de difícil previsão até mesmo para os especialistas. De qualquer forma, já havia tecnologia e sistemas que poderiam ter amenizado essa tragédia principalmente em áreas mais pobres”, disse Jorge Borges.

 

As intervenções públicas em obras de infraestrutura para contenção de danos, drenagem de águas pluviais e saneamento são historicamente negligenciadas pelas seguidas gestões pois não oferecem intervenções visíveis, capitalizando pouco retorno eleitoral. No entanto, o governo de Crivella aponta um diferencial para outros chefes do Poder Executivo municipal na opinião do geólogo:

 

“Há certa letargia, sabemos que a cidade do Rio está em uma situação econômica orçamentária bastante precária após os endividamentos que ocorreram com os grandes eventos, mas, ao mesmo tempo, não se viu na gestão Crivella nenhum movimento claro nos meios político ou administrativo para virar o jogo. Essa gestão foi criada basicamente para tocar a prefeitura do jeito que encontrou, foi se cortando de todos os lados em vários campos da política pública e nesses que são mais sensíveis e menos visíveis, o corte foi muito mais abrupto. Não se buscou novas formas de melhorar a arrecadação, tirando a questão do aumento do IPTU, que é bastante questionável”.

 

Ouça a íntegra da entrevista de Jorge Borges:

 

 

Entrevista em 11.02.2019

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