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“Governo tem avaliação equivocada de tamanho da crise”, diz Mineiro

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As medidas anunciadas na última segunda-feira (16) pelo Ministério da Economia para reduzir os impactos da pandemia do novo coronavírus no Brasil provocaram discussão entre os especialistas em finanças.

 

Em pronunciamento que contou com a presença do ministro Paulo Guedes, em Brasília, o governo comunicou o emprego de R$ 147,3 bilhões em planos de emergência para setores da economia e cidadãos que mais sofrerão com as restrições impostas pelo avanço da doença.

 

O economista Adhemar Mineiro contestou as ações da administração de Jair Bolsonaro ao considerar baixo o montante investido, além de ressaltar que as medidas terão consequências futuras na vida dos trabalhadores e aposentados do país.

 

“Há dois pontos que se poderia tocar. Um é que, para além de qualquer coisa, os valores são absolutamente insuficientes. Boa parte das medidas diz respeito à antecipação de recebimentos por parte das pessoas, como é o caso do 13º [salário para aposentados e pensionistas], que pode fazer efeito agora, mas lá na frente não haverá mais esse recurso, ou é uma postergação de recebimentos pelo Estado, no caso do adiamento do pagamento de impostos, mas que têm de ser pagos lá na frente. As medidas no volume se mostram insuficientes e, do ponto de vista da essência, não mexem muito no gasto do governo”, caracterizou.

 

O titular da Pasta da Economia destacou a importância de se manter a meta de déficit primário mesmo em momento de crise, algo que é criticado por estudiosos em finanças públicas, e a possibilidade de um contingenciamento no Orçamento. O conjunto de intervenções atende essencialmente, na opinião de Mineiro, os interesses de bancos e detentores do grande capital, fazendo uma analogia a um sucesso de bilheteria nos cinemas.

 

“A linha de ação do governo lembra um pouco aqueles músicos do Titanic, em que o barco vai afundando e eles continuam tocando a mesma música. O governo tenta satisfazer com esse discurso de uma nota só uma parte da turma do andar de cima enquanto o barco está afundando, o andar de baixo já foi todo para o espaço e uma parte do andar de cima, que não está encontrando lugar nos botes, também está dançando a essa altura”, pontuou.

 

A percepção da equipe econômica em relação ao momento que o mundo atravessa está deslocada da realidade, de acordo com o analista. O debacle evidenciado pela Covid-19 seria sentido inevitavelmente por outros motivos.

 

“Esse governo tem uma avaliação equivocada do tamanho da crise. Enquanto líderes mundiais vão tomando consciência de que você tem uma ruptura bastante aguda do cenário internacional que tinha até agora não apenas por conta da expansão da pandemia em nível internacional, mas por uma extrema alavancagem dos mercados financeiros que já ocorria antes e que a pandemia está servindo para explicitar”, afirmou.

 

“Se não fosse a pandemia, seria a queda de braço em torno dos preços do petróleo ou qualquer outro evento internacional. Já havia uma crise aguda das finanças internacionais e, sobre isso, se jogou uma crise de saúde gravíssima. Vários líderes mundiais já estão inclusive revertendo seus discursos. Temos de lembrar que pouco tempo atrás se fechou um acordo entre o Mercosul e a União Europeia que trata a saúde como mercadoria. Dias atrás o presidente francês [Emmanuel Macron] disse que, nessa situação, fica claro que você tem de expandir a saúde pública”, completou o economista.

 

Ouça a entrevista completa de Adhemar Mineiro:

 

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