Principal fonte de energia para mover a economia mundial, o petróleo é chamado até hoje pela alcunha de ‘ouro negro’, por seu valor de mercado. Contudo, o governo brasileiro parece desconsiderar a importância estratégica dessa riqueza mineral e segue seu processo de venda das nossas reservas em águas profundas do pré-sal.

Para novembro está marcado mais um leilão do excedente da cessão onerosa, onde a gestão de Jair Bolsonaro pretende arrecadar cerca de R$ 106 bilhões. As críticas à política entreguista do ex-capitão do Exército vêm de todos os lados, principalmente da categoria petroleira.

O secretário de Assuntos Jurídicos e Institucionais da Federação Única dos Petroleiros (FUP) Deyvid Bacelar lembrou que as disputas pelo controle dos estoques do óleo provocam conflitos ao redor do planeta.

“Temos no mundo inteiro, principalmente no Oriente Médio, guerras instaladas ainda hoje por conta de petróleo e gás. O Brasil, que hoje detém a maior reserva petrolífera descobertas nos últimos 50 anos, estou falando do pré-sal, já tem 75% dos campos que foram leiloados entregues às petrolíferas internacionais. Vejo isso com muita indignação. A categoria petroleira tem se manifestado nesse sentido e uma parcela da sociedade também tem alertado os parlamentares que aprovaram a Emenda Constitucional que trata do megaleilão da cessão onerosa”, ressaltou.

No diagnóstico do dirigente da FUP, houve um conluio entre as forças do governo para conduzir os votos de alguns deputados e senadores para a permissão da venda do petróleo. Em outros casos, o ‘incentivo’ foi financeiro.

“Infelizmente os parlamentares foram ludibriados e, cá para nós, alguns literalmente comprados para poderem votar por essa Emenda Constitucional, fazendo com que esses campos que a Petrobras hoje já opera, é bom destacar isso, e o excedente da cessão onerosa, que são esses 15 bilhões de barris de petróleo, sejam leiloados. O Governo Federal infelizmente vai na contramão do que acontece no mundo, abrindo mão de uma área extremamente produtiva”, lamentou.

Foi convocado para amanhã (03) pelas centrais sindicais e movimentos sociais o ‘Dia do Luto’, coincidindo com o aniversário de fundação da Petrobras, na tentativa de impedir o desmonte do Estado nacional. No Rio de Janeiro, a concentração se dará às 16h, na Candelária, com caminhada até a sede da estatal.

“Felizmente conseguimos fechar com todas as centrais sindicais, tanto as frentes ‘Brasil Popular’, como a ‘Povo sem medo’, ou seja, os movimentos sociais e também a sociedade civil organizada numa luta nacional em defesa da nossa soberania. É uma data importante porque estamos até o momento assistindo sem muita reação da classe trabalhadora a entrega das nossas empresas públicas”, concluiu.

Ouça a entrevista de Deyvid Bacelar:

Entrevista em 02.10.2019